Foto: João de Noronha/O Estado

Supermercados: resultado foi aquém do esperado.

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As vendas reais do setor supermercadista brasileiro atingiram R$ 105 bilhões, segundo estimativa divulgada ontem pela Abras (Associação Brasileira dos Supermercados). Esse desempenho representou um avanço de 0,66% em relação a 2004 e ficou muito abaixo das expectativas da Abras, que projetava para 2005 um crescimento nas vendas de 2% a 2,5%. Em 2004, quando o faturamento do setor totalizou R$ 98,5 bilhões, a alta nas vendas dos supermercados foi de 2,57% frente a 2003.

O resultado aquém do esperado pode ser explicado por fatores atípicos, como a queda de 3,84% nas vendas de dezembro, mês em que sazonalmente o faturamento deveria subir por conta do Natal e Ano Novo. Esse comportamento negativo foi iniciado em abril e se manteve presente no restante de 2005, segundo a Abras.

O presidente da Abras, João Carlos de Oliveira, também atribui o péssimo resultado de 2005 à política de juros altas combinada ao desemprego elevado e renda comprimida. ?Tínhamos uma expectativa, que não se confirmou, que o início da queda dos juros iria criar um clima favorável ao consumo?, disse ele.

Outro fator detectado pela Abras foi a mudança de hábito do consumidor, que voltou a substituir produtos de primeira marca por outros mais baratos. ?O consumidor preferiu o panetone mais barato à marca mais conhecida. Em vez de vinhos europeus, comprou produtos da América do Sul, que são mais baratos?, disse o presidente da Abras.

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A depreciação do dólar também contribuiu para a redução da receita dos supermercados com a venda de produtos importados. Em dezembro, por exemplo, a venda de importados cresceu 17,5% em volume, mas em receita a expansão foi de apenas 6%. ?A depreciação do dólar reduziu o preço dos importados. E o aumento das vendas em volume não foi significativa para a receita do setor?, afirmou Oliveira.

Projeções

Para 2006, a Abras espera por um incremento nas vendas do setor supermercadista 2,5%. ?Esperamos pela repetição do ano de 2004, que recuperou parte das perdas de 2003. Se ocorrer o mesmo, 2006 recuperará parte do resultado que não foi alcançado em 2005?, disse Oliveira.

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Essa projeção se sustenta nos investimentos das redes supermercadistas na expansão do número de lojas. Pelos cálculos da Abras, o crescimento físico do setor é da ordem de 8% a 10% ao ano. Os três maiores grupos – Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart – anunciaram investimentos de R$ 2,8 bilhões na abertura de lojas.

O gigante norte-americano Wal-Mart, que em 2005 comprou a rede Sonae, pretende gastar R$ 600 milhões neste ano para abrir 15 novos pontos. O Carrefour informou que deve investir R$ 700 milhões na abertura de 15 lojas. O Pão de Açúcar anunciou que vai investir R$ 1,5 bilhão no biênio 2006/2007 na abertura de 16 a 20 hipermercados Extra e entre 40 a 60 supermercados (CompreBem, Pão de Açúcar ou Sendas). O grupo não especificou quanto desse montante será aplicado em 2006.