Rio

  – A forte alta no preço dos alimentos derrubou as vendas nos supermercados e, com isso, o comércio varejista registrou retração de 1,23% em setembro deste ano, em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. No setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, a queda surpreendeu, chegando a 6,02%.

– O que determinou o resultado de setembro foi o setor dos supermercados, onde as vendas caíram exageradamente – afirmou Nilo Macedo, técnico do Departamento de Comércio e Serviços do IBGE.

As vendas nos supermercados haviam crescido 0,06% e 1,59%, respectivamente, em julho e agosto. Segundo Macedo, o setor responde por mais de 30% do faturamento do comércio e, em setembro, foi afetado pela disparada da inflação. Com a alta do dólar, os alimentos subiram 6% entre julho e setembro, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

– As famílias já estão com o orçamento apertado. O desemprego aumentou e os juros estão altos. Quando chegam ao supermercado e vêem que o óleo de soja e o açúcar dobraram de preço, ou compram menos quantidade ou optam por uma marca mais barata. Com isso, as vendas do setor diminuem – disse Macedo.

Em julho e agosto, as vendas no varejo tinham subido, graças às receitas extras dos consumidores com trabalhos temporários nas eleições e com o pagamento dos expurgos do FGTS. As altas foram de 1,85% e 2,27%, respectivamente. No mês passado, as vendas caíram, mas a receita nominal (sem considerar a inflação) cresceu 6,32% em relação a setembro de 2001. Entretanto, como o reajuste de preços foi forte, a receita deflacionada mostra que houve queda real nas vendas.

No acumulado do ano, o comércio varejista enfrenta retração de 0,23%. Nos últimos 12 meses, a queda chega a 0,58%.

Em setembro, a surpresa positiva foi a leve recuperação nas vendas de veículos, motos, partes e peças. O setor, que há 15 meses estava em retração, teve um aumento de 0,52%. Segundo Macedo, a melhora foi graças a redução na alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e às promoções das montadoras.

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