Depois de um ano difícil do ponto de vista econômico – quando a lucratividade caiu entre a maioria dos supermercados -, 2006 promete reverter a tendência. Pelo menos é esta a expectativa do setor no Paraná, que projeta um faturamento nominal de R$ 8,2 bilhões, acima dos R$ 7,5 bilhões registrados no ano passado. ?É um ano de eleição, de Copa do Mundo, os juros também vêm caindo. A tendência é que o consumo aumente um pouco?, afirmou o presidente da Rede Mufatto, Everton Mufatto, que assumiu ontem a presidência da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), em substituição ao presidente da Rede Condor, Pedro Joanir Zonta.
No caso da Rede Condor, que conta com 23 lojas no Paraná, a lucratividade registrou queda de 15%, em 2005, em relação ao ano anterior. No Mufatto, com 20 lojas, a queda foi de 10%. ?Os custos como água, luz e salários subiram, enquanto o faturamento permaneceu o mesmo. O resultado foi a queda da lucratividade?, explicou Joanir Zonta.
Em 2005, o setor de supermercados faturou R$ 111 bilhões em nível nacional, o que representou crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Porém, por conta da inflação, o crescimento do setor foi de 2% apenas. ?O mercado tem que agregar valor ao produto que vende, trazer de volta o consumidor que prefere as lojas especializadas?, afirmou Zonta. Segundo ele, em 2000, a participação dos supermercados no orçamento familiar era de 73%. No ano passado, o índice caiu para 65%. ?Este percentual temos que buscar?, afirmou.
Nos cinco anos e meio que esteve frente à Apras, Zonta apontou como principais realizações o treinamento de pessoal, a participação do setor nas decisões políticas, a padronização de embalagens de frutas e legumes, a colocação de produtos da agricultura familiar em gôndolas específicas, a lei do consumidor. ?Até então, os mercados faziam promoções, mas não havia como limitar as vendas. Assim, o pequeno varejo vinha e comprava tudo. Com o Procon-PR, ficou definido o limite de venda de 12 unidades por consumidor.?
Metas
Para a nova gestão, o presidente Everton Mufatto listou como prioridades a profissionalização do setor – com o treinamento especialmente para o pequeno e médio varejo, que não tem condições de bancar tais custos – e elevar o número de associados. Hoje, a Apras conta com 700 associados, que representam 2.500 lojas e detém 80% do faturamento do setor.
Sobra a questão cambial, o novo presidente da Apras afirmou que o dólar afeta muito os custos de uma empresa e lembrou que a baixa de alguns produtos – como o quilo do frango que caiu para R$ 0,99 por conta da gripe aviária na Europa – embora pareça benéfica para o consumidor num primeiro momento, pode trazer resultados muito negativos. ?Costumo dizer que a festa de hoje vai trazer a ressaca amanhã. O Paraná é o maior produtor de frango, e uma crise no setor traz desemprego?, ponderou.
A passagem da presidência da Apras ocorreu um dia antes da divulgação do ranking pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Hoje, tanto Joanir Zonta como Everton Mufatto seguem para São Paulo para participar da cerimônia de divulgação de um dos levantamentos mais aguardados pelo setor. No ano passado, o Mufatto ficou em 11º lugar, uma posição à frente do Condor, que ficou em 12º. Ontem, os presidentes das duas redes evitaram falar sobre a divulgação e a expectativa de subir posições. ?O ranking da Abras está bem amadurecido?, apontou Mufatto. A novidade pode ficar por conta da fusão Wal Mart e Sonae, ocorrida no fim do ano passado. Caso as lojas do Sonae e do Bom Preço tenham sido absorvidas pelo Wal Mart no levantamento, tanto o Mufatto como o Condor devem subir duas posições.