Supermercados não aderem a campanha da carne suína

Ainda não deslanchou a campanha de marketing da carne suína lançada no dia 19 de novembro pela Câmara Setorial da Suinocultura do Paraná. A meta era ampliar em 30% o consumo de carne suína in natura no Estado até março de 2003, com a inserção de peças publicitárias nos pontos de venda. A época inadequada para o início da promoção, já que o consumo de carne suína sazonalmente se eleva em dezembro devido às festas de final de ano, colaborou para a baixa adesão dos supermercados. Até agora, apenas uma rede paranaense comprou o material de propaganda.

Com apoio da APS (Associação Paranaense de Suinocultores), Apras (Associação Paranaense de Supermercados), Sindicarne (Sindicato da Indústria da Carne do Paraná) e Seab (Secretaria Estadual da Agricultura), a campanha foi oficialmente lançada há um mês, na sede da Apras. O chef de cozinha Celso Freire, garoto-propaganda da campanha, criou seis receitas exclusivas para a promoção, que seriam distribuídas nas lojas de dezembro a março.

O investimento inicial na criação, confecção de amostras das peças publicitárias e contratação do chefe de cozinha foi de R$ 12 mil, com recursos do Fundo de Marketing da Carne Suína, que recebe R$ 0,10 de cada animal abatido. Cada kit com display, banner, folders com receitas e vídeo custa R$ 1,2 mil. A idéia era vender cerca de 500 kits, atingindo em torno de 20% dos 2,4 mil supermercados do Estado. Porém até agora apenas 10 kits foram adquiridos. “O setor produtivo está muito chateado com a demora para varejo, distribuidores de produtos e indústria entenderem o sentido da campanha”, desabafa o presidente da APS, Romeu Royer.

Para alavancar a campanha, a APS está negociando patrocínios de indústrias e distribuidores de carne, esperando o engajamento de algumas dessas empresas nos próximos dias. Royer conta que alguns supermercados de Curitiba pediram autorização para reproduzir as receitas de Celso Freire em seus encartes de ofertas. Apesar do desenrolar da campanha estar abaixo da expectativa inicial, ele considera válido o investimento. “A estrutura da campanha ainda não apareceu nos supermercados, mas para o consumidor o resultado veio antes, porque os preços baixaram.”

Supermercados

Para o superintendente da Apras, Valmor Rovaris, “o maior ou menor sucesso da campanha vai depender do empenho dos fornecedores de carne suína em levar o material de propaganda aos pontos de venda”. “Mudar hábitos de consumo não é fácil”, opina, lembrando que na época de maior crise da suinocultura, entre os meses de setembro e outubro, as promoções feitas pelos supermercados aumentaram as vendas de carne suína em 30%. “Nesse momento, os preços já subiram porque o mercado está mais normalizado”, cita Rovaris. Porém o preço médio pago aos produtores, que chegou a R$ 1,70, caiu para R$ 1,55, por causa do aumento da oferta do suíno vivo.

A opção por apenas um tipo de mídia afetou a promoção, aponta Rovaris. “Se a campanha fosse para a mídia de massa, o resultado provavelmente seria mais rápido.” Ele concorda que o incremento nas vendas de carne suína para Natal e Ano Novo também influenciou. “A venda dos supermercados aumenta 35% em relação aos outros meses, reflexo do aumento do consumo de bebidas, carnes, aves e frutas, que são produtos tradicionais da ceia de Natal.”

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