Na Black Friday da crise, o brasileiro aproveitou as ofertas dos supermercados com itens de uso diário, como cervejas e artigos de limpeza, e gastou menos com produtos de maior valor, como eletroeletrônicos e tênis, por exemplo, nas lojas online.
A avaliação preliminar é do presidente do site ReclameAqui, Maurício Vargas, que monitorava ontem as ofertas de cerca de 1.200 itens no comércio eletrônico. “Na Black Friday deste ano, o consumidor foi gastar dinheiro no supermercado para fazer a compra do mês.”
Nas lojas do hipermercado Extra e do supermercado Pão de Açúcar, do Grupo GPA, houve um movimento acima do esperado, informou a empresa
Vargas, do ReclameAqui, observou que, nos supermercados, as ofertas foram mais agressivas do que nas lojas online, com corte de até 50% no preço de cervejas, por exemplo. Até o final da tarde de ontem, o desconto médio oferecido pelas lojas online monitoradas pelo site não chegava a 25%. No ano passado, o abatimento foi de quase 30%.
Nas lojas online, Vargas acredita que o número de pedidos tenha aumentado, mas que o valor médio da compra tenha caído por causa da crise. Em 2015, o tíquete médio das compras online na Black Friday foi de R$ 492. Os organizadores do evento projetam R$ 500 para este ano. Mas, pelos primeiros indicadores, Vargas espera recuo de 25% no valor do gasto médio.
Já Leandro Soares, diretor do Mercado Livre, que reúne 40 milhões de ofertas de produtos no varejo online, registrou até as 17h de ontem crescimento de 88% nas vendas da Black Friday deste ano em relação ao evento de 2015. Os campeões de vendas foram os smartphones, seguidos por TVs. Nas lojas físicas do Walmart, das Casas Bahia e do Ponto Frio, celular e TV também lideraram os negócios. De acordo com o Ebit, até as 14h de ontem 25% das vendas online foram de celulares.
Reclamações. O número de produtos realmente em oferta dobrou nesta Black Friday (200 mil) em relação ao ano passado (100 mil), segundo Thiago Flôres, diretor do site de comparação de preço Zoom, mas a quantidade de reclamações continuou significativa. Até as 20h de ontem, 2.440 queixas tinham sido recebidas pelo site ReclameAqui, volume cerca de 10% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Na Fundação Procon de São Paulo, o quadro não foi diferente. Até o final da tarde, o órgão tinha realizado 543 atendimentos. Em 2015, no evento todo, foram 1.184 atendimentos. A principal queixa neste ano (22%) foi mudança de preço na hora de finalizar a compra na internet, seguido por produto indisponível (20%) e maquiagem de preço (16,5%). Maquiagem de preço foi líder em 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.