Supermercados driblam a crise e faturam mais

Aumentar o faturamento em um ano em que a maioria dos setores da economia permaneceu estável ou em retração é mérito para poucos. As redes de supermercados paranaenses Superpão e Beal/Festval conseguiram tal proeza em 2003 e não escondem a satisfação. No ranking elaborado pela Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), listando as 500 maiores empresas do setor, as duas redes paranaenses ganharam posições importantes de 2002 para 2003: o Superpão passou da 40.ª posição para a 33.ª, enquanto o Beal saltou da 104.ª posição para a 59.ª. Em comum, as duas redes são empresas familiares que começaram no interior e hoje estão em Curitiba, concorrendo com grandes redes, inclusive de bandeira estrangeira.

“Praticamente dobramos de tamanho em um ano”, conta Paulo Beal, um dos proprietários da rede Beal, cuja matriz é em Cascavel. O motivo do crescimento é aquisição da rede Festval, em Curitiba, em julho do ano passado. Com isso, o faturamento bruto, que era de R$ 42 milhões em 2002, passou para R$ 99,3 milhões em 2003. A rede possui ao todo sete lojas: quatro em Cascavel – que levam o nome da família Beal – e três em Curitiba – que permanecem com a denominação Festval. A rede emprega cerca de 830 pessoas, sendo quase 15% portadores de deficiência.

“Em Cascavel, com quatro lojas, conseguimos atingir praticamente toda a cidade. Estávamos no limite do crescimento; era hora de vir para Curitiba”, afirma Beal que, juntamente com outros quatro irmãos, administra a rede. O negócio começou há 32 anos, quando Severino Antônio Beal, pai de Paulo, abriu uma pequena mercearia em Cascavel. De lá para cá o empreendimento não parou de crescer.

“A gente tem planos de abrir mais uma unidade em Curitiba até o final do ano”, conta Beal, sem revelar o local pretendido, nem investimentos. E a expectativa vai além. “No próximo ranking, pretendemos estar entre os 50 maiores, ocupar talvez a 47.ª posição ou 48.ª. Queremos entrar para a elite do setor.” Segundo ele, a bandeira da rede é preço justo, aliado a produtos de qualidade e bom atendimento. “Investimos principalmente em três setores: panificação, legumes e verduras e carnes. É onde colocamos nosso diferencial”, conta. A expectativa, segundo ele, é crescer 20% este ano, por conta da vinda a Curitiba.

Superpão

Outra rede paranaense que ganhou importante posição no ranking da Abras em 2003 foi o Superpão: passou da 40.ª posição para a 33.ª, com faturamento bruto de R$ 173 milhões – crescimento de quase 23% em relação a 2002, quando o faturamento bruto foi de R$ 134 milhões.

“Foi um salto considerável e até surpreendente. A partir de agora, para alcançar uma posição melhor fica mais difícil”, aponta o diretor comercial da bandeira Superpão e um dos proprietários da rede, João Ricardo Hyczy. A abertura da terceira unidade em Curitiba, no bairro Mercês, no final de 2002, é apontado como um dos fatores do crescimento.

Quem iniciou o empreendimento – que hoje é composto por 12 lojas – foi o avô de João Ricardo: Leonardo Valente Hyczy, que abriu a primeira unidade em Guarapuava, há 80 anos. Hoje a rede está presente também em Curitiba (três lojas), União da Vitória, Ponta Grossa e Francisco Beltrão (uma em cada), além de Guarapuava (seis lojas), com as bandeiras Superpão e Superbaratão, esta última criada em 89.

De acordo com João Ricardo, a prioridade este ano é reformar as lojas e reinaugurá-las. A abertura de novas unidades deve ficar apenas para o ano que vem. “Nosso foco é crescer dentro do Paraná, provavelmente ir para outra cidade”, adianta. O foco do Superpão, segundo João Ricardo, é o preço justo e o bom atendimento, enquanto a bandeira Superbaratão privilegia os preços baixos. A rede toda possui aproximadamente 1.300 funcionários.

Concorrência e incertezas

Vice-presidente de expansão da Associação Paranaense dos Supermercados (Apras), Paulo Beal afirma que o setor, num todo, vive a incerteza da economia. “2003 foi um ano difícil. Houve uma retração de quase 0,2% no faturamento, por conta da migração de clientes de produtos A para o B, que custam menos”, diz. Para este ano, o setor projeta crescimento de 3%. “A política econômica está no caminho certo. Todo remédio é amargo no início.”

Sobre a concorrência – especialmente por parte dos hipermercados -, Beal diz que ?o bolo está dividido?, e que é necessário se aperfeiçoar e se modernizar para não ficar para trás. “Não é um setor que só dá alegrias. Assim como há gente crescendo, há gente caindo”, diz, referindo-se a grandes empresas de supermercados que encerraram as atividades no Paraná.

Para o diretor comercial do Superpão, João Ricardo Hyczy, haverá uma seleção natural do setor em Curitiba, e a tendência é que apenas as grandes sobrevivam. “Em Curitiba, a concorrência está muito acirrada. Não param de inaugurar lojas”, diz, acrescentando que a cidade é uma das que oferece o maior número de supermercados no País. Apesar disso, João Ricardo acredita que Curitiba continua sendo uma boa opção de investimento, especialmente na periferia e Região Metropolitana. “Depende muito das oportunidades”, afirma. Sobre o cenário econômico, João Ricardo também mostra otimismo e acredita em crescimento.

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