O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse hoje que o superávit primário de R$ 101,606 bilhões alcançado pelas contas do setor público consolidado em 2007 foi o melhor resultado da série, além de superar a meta para o ano. "É importante observar que todas as esferas de governo foram superavitárias", destacou Altamir. O superávit primário não leva em conta as despesas com juros. O setor público consolidado envolve a União (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), Estados, municípios e empresas estatais.
Ele ressaltou que o déficit primário em dezembro, de R$ 11,780 bilhões, já era esperado por causa da concentração de despesas como 13º salário, férias e o maior volume de investimentos públicos. Altamir ressaltou que a conta de juros teve o menor resultado em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) desde 1997 ano da crise asiática. Naquele ano, a apropriação de juros correspondeu a 4,65% do PIB e, no ano passado, ficou em 6,25% do PIB. Em 2006, a carga de juros foi de 6,86% do PIB.
A combinação de superávit primário recorde com carga de juros proporcionalmente mais baixa, segundo Altamir, levou o setor público a atingir déficit nominal de 2,27% do PIB, o menor da série do BC, iniciada em 1991. "Esse é um indicador extremamente importante", disse Altamir que, considerando o cenário de mercado para indicadores como juros e inflação e o cumprimento da meta de superávit primário de 3,8% do PIB, prevê déficit nominal de 1,2% do PIB. Segundo Altamir, o déficit nominal cada vez mais baixo é que tem permitido a trajetória de queda da relação dívida/PIB, que fechou 2007 em 42,8%, o nível mais baixo desde 1998, quando ficou em 38,9%.