Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Altamir Lopes, do Banco Central: situação está favorável. |
O balanço de pagamentos do País fechou o mês de janeiro com superávit (saldo positivo) de US$ 5,577 bilhões, o que dá resultado de US$ 325 milhões nas transações correntes, que envolvem toda a movimentação comercial e financeira com o exterior. O saldo reverte o resultado negativo de US$ 308 milhões registrado em janeiro do ano passado.
Os números foram divulgados ontem pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, com base no Relatório Mensal do Setor Externo. Ele disse que a conta capital e financeira teve entrada líquida de US$ 5,289 bilhões, com destaque para os ingressos de US$ 2,412 bilhões de investimento estrangeiro direto (IED) no setor produtivo, melhor resultado para janeiro desde 2000, quando somaram US$ 3,029 bilhões.
A entrada de dinheiro estrangeiro superou, inclusive, a expectativa do próprio BC, que estimava US$ 2,2 bilhões no mês passado. Segundo Lopes, como ?a situação está favorável?, com o Brasil se revelando um ?foco de atração bastante positivo? para o investimento direto, em função da estabilidade econômica, é provável que o BC amplie a projeção inicial de US$ 18 bilhões de IED no ano.
Altamir Lopes revelou que o total de investimentos diretos nos últimos 12 meses chegou a US$ 19,720 bilhões, o que constitui o melhor resultado desde julho de 2005. ?É um valor realmente alto?, disse Lopes. Ele acrescentou que pode melhorar mais ainda, considerando que alguns setores, como serviços e agroindústria, têm atraído investimentos externos. Em função disso, somavam, até ontem (22), US$ 1,3 bilhão e podem encerrar fevereiro em torno de US$ 1,450 bilhão pelos seus cálculos.
Lopes revelou, ainda, que a conta de serviços externos do País foi deficitária em US$ 625 milhões no mês passado. As viagens internacionais foram deficitárias em US$ 90 milhões, transportes custaram US$ 218 milhões para os cofres públicos, gastos com aluguel e equipamentos atingiram US$ 464 milhões, remessas líquidas de royalties e licenças somaram US$ 110 milhões, e as saídas com computação e informações, mais US$ 166 milhões. Valores abatidos, em parte, por entradas líquidas de outros serviços, no valor de US$ 448 milhões.
O relatório do BC destaca a redução de 34,4% na saída líquida de renda sobre investimentos externos no País, que somaram US$ 1,1 bilhão em janeiro. Comparado ao mesmo mês de 2006, o resultado decorre da diminuição de 55,7% na remessa de lucros e dividendos, que custaram US$ 250 milhões, e da redução de 23,3% na remessa líquida de juros da dívida, no valor de US$ 836 milhões.
Investimento externo pode superar US$ 18 bilhões em 2007
Brasília (AE) – O Banco Central poderá rever para cima a projeção de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País em 2007. Originalmente, o BC fez a projeção de ingresso de US$ 18 bilhões para este ano. ?A nossa projeção pode ser revisada, mais à frente?, admitiu ontem o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, destacando que o Brasil tem sido um ponto importante de atração para investimentos.
Lopes disse que as condições macroeconômicas do País e a redução do risco Brasil têm contribuído para aumentar a segurança dos investidores e, com isso, o interesse em aplicar no País. O chefe do Depec disse que não só os setores tradicionais, como a indústria, têm atraído investimentos, mas também outros segmentos, como o da agroindústria, serviços e, principalmente, as atividades imobiliárias.
Para o mês de fevereiro, Lopes prevê o ingresso de US$ 1,45 bilhão de investimentos estrangeiros diretos no País. Até ontem, esses investimentos já somam US$ 1,3 bilhão. O chefe do Depec considerou muito positivo o resultado do IED em janeiro, que somou US$ 2,412 bilhões. Segundo Lopes, esse foi o melhor resultado para meses de janeiro desde 2000, quando o ingresso somou US$ 3,029 bilhões.
BC considera que ainda há espaço para reservas crescerem
Brasília (AE) – ?Se o Banco Central ainda está comprando (dólares) é porque há espaço?. Foi com essa frase que o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, respondeu as insistentes perguntas sobre o nível adequado de reservas internacionais do Brasil. ?Tem um número adequado para a recomposição das reservas? Não sei qual é?, acrescentou. Altamir disse que somente os integrantes da diretoria do Banco Central é que poderiam responder a pergunta.
As reservas internacionais estavam anteontem em US$ 98,208 bilhões. O valor é US$ 552 milhões superior às reservas da última quarta-feira. O crescimento coincidiu com a entrada dos dólares comprados pelo BC na sexta-feira da semana passada, dia 16 de fevereiro.
Ao ser questionado sobre o custo maior para o Tesouro Nacional da manutenção das reservas internacionais, o chefe do Depec respondeu: ?É um seguro. Para todo seguro se paga um prêmio?, disse.
Segundo ele, três princípios orientam a ação do BC na compra de dólares: não afetar a liquidez do mercado, não trazer volatilidade e não afetar a taxa de câmbio. Essa orientação foi divulgada em 2004 pela autoridade monetária.
O valor das compras de dólares do BC liquidadas no mês passado foi o maior da série histórica, iniciada em janeiro de 2004, informou Altamir. As liquidações das compras de dólares feitas pelo BC em janeiro foram de US$ 4,832 bilhões. Em todo o ano passado, as compras de dólares feitas pelo BC ficaram em US$ 34,336 bilhões. Altamir não informou, entretanto, o valor das contratações de crédito feitas pelo BC, em razão dos leilões diários que vem fazendo no mercado de câmbio.