Brasília (AE) – Pela primeira vez desde 2001, o saldo da balança comercial do agronegócio inverterá a tendência de crescimento expressivo e recuará em 2006. O chefe do Departamento de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo, estimou que o superávit da balança comercial do agronegócio será de US$ 37 bilhões neste ano, valor 3,65% inferior ao resultado de US$ 38,4 bilhões registrado em 2005.
Para Beraldo, a taxa de câmbio será a culpada pela queda nas previsões. Se por um lado dificulta as exportações, o dólar desvalorizado em relação ao real estimula as importações. No caso da agricultura, as compras de trigo no mercado externo, por exemplo, estão aquecidas. No primeiro bimestre do ano, o País importou 1,2 milhão de toneladas, que custaram US$ 164,8 milhões. Foi praticamente o dobro do que no ano passado. No primeiro bimestre de 2005, as importações haviam sido de 748 mil toneladas, ao custo de US$ 86 milhões.
Mas as compras de trigo também foram estimuladas pela quebra de um milhão de toneladas na safra nacional do produto. Beraldo lembrou que 50% do consumo interno de trigo é atendido por fornecedores externos. No total, os gastos com importação de produtos agrícolas somaram US$ 940 milhões no primeiro bimestre do ano, crescimento de 22,5% na comparação com os US$ 767 milhões em igual período do ano passado.
A receita das exportações no bimestre foi de US$ 5,818 bilhões, com crescimento de 8,5% na comparação com os US$ 5,364 bilhões de igual período do ano passado. ?Embora o resultado seja positivo, ele comprova perda de fôlego na capacidade exportadora do agronegócio?, disse Beraldo.
