A balança comercial registrou um superávit de mais de US$ 2 bilhões em janeiro. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o superávit comercial – saldo positivo entre as exportações e importações – foi de US$ 2,183 bilhões em janeiro, um crescimento de 37,6% na comparação com o mesmo mês de 2004 (US$ 1,586 bilhão). Se comparado ao mês anterior, houve uma queda de 37,8%.
O resultado de janeiro foi beneficiado pelo resultado da quarta semana do mês – dias 24 a 30 de janeiro -, que teve um saldo positivo de US$ 872 milhões. A quinta semana, que teve apenas um dia, foi superavitária em US$ 103 milhões.
O desempenho positivo do comércio exterior brasileiro continua mesmo com o dólar em abaixo de R$ 2,70. Por repetidas vezes o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, defendeu uma cotação entre R$ 2,90 e R$ 3 para manter a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
No acumulado do mês, as exportações chegam a US$ 7,447 bilhões e as importações, a US$ 3,261 bilhões.
A média das exportações -saldo comercializado por dia útil – está em US$ 345 milhões no mês, um aumento de 28,3% contra a média registrada em janeiro do ano passado. No entanto, na comparação com dezembro, há uma queda de 11%.
Já a média diária de importações está em US$ 250,5 milhões, um aumento de 24,8% em relação ao mês de janeiro de 2004. Na comparação com o mês passado, o crescimento é menor, de apenas 1,4%.
Para este ano, o Ministério do Desenvolvimento prevê que as vendas do Brasil para o exterior devam crescer 12%, chegando a US$ 108 bilhões. Para as importações, a expectativa é que o crescimento fique entre 20% e 30%, o que significa um valor entre US$ 75,3 bilhões e US$ 81,6 bilhões. O ministério não divulgou as projeções para o saldo da balança, mas de acordo com as previsões para importações e exportações, esta deve ficar entre US$ 26,4 bilhões e US$ 32,7 bilhões.
Em 2004, a balança comercial registrou um superávit de US$ 33,696 bilhões, o que representa um crescimento de 35,9% em relação a 2003 (US$ 24,8 bilhões). É o maior saldo positivo da história do País e o segundo recorde anual consecutivo.
Setor eletroeletrônico exportou 20% mais
As exportações brasileiras da indústria eletroeletrônica de consumo cresceram 20% em 2004, gerando um superávit de US$ 391 milhões na balança comercial do setor, segundo dados da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). A receita de vendas externas da indústria eletroeletrônica somou, no ano passado, US$ 671 milhões.
"A competitividade dos produtos eletroeletrônicos fabricados no Brasil está permitindo às indústrias do setor conquistar mercados não só em países da América Latina, mas também nos Estados Unidos e Europa", disse Paulo Saab, presidente da Eletros.
Segundo a Eletros, apesar dos conflitos comerciais com a Argentina, a tendência é que as exportações continuem em expansão em 2005, desde que não haja uma valorização acentuada do real em relação ao dólar.
Outro fator que pode interferir no desempenho das exportações é o aumento da carga tributária. "Isso sempre cria embaraços, como a recente Medida Provisória 232, que ameaça encarecer o custo dos prestadores de serviços e afetar também os custos de exportação", afirmou Saab.
A MP 232 foi editada no final de 2004 para corrigir a tabela do Imposto de Renda em 10%, mas também elevou de 32% para 40% a base de incidência da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e o IR para prestadores de serviços que usam o lucro presumido para calcular tributos.
A projeção inicial da Eletros, sem considerar a MP, é de um incremento em torno de 10% nas exportações em 2005, tendo como base um dólar médio de R$ 2,95 durante o ano. Se confirmada essa estimativa, a receita de exportações do setor deve atingir US$ 740 milhões e gerar superávit comercial de US$ 450 milhões.
Destaques
As exportações de produtos de linha branca (como fogões e geladeiras) atingiram US$ 426 milhões no ano passado, um crescimento de 39% em relação a 2003.
Esse resultado, segundo Saab, se deve à conquista de novos mercados e à diversidade de produtos, com tecnologia e design avançados.
No segmento de portáteis, as exportações apresentaram um crescimento de 13,3%, atingindo US$ 46 milhões, e na linha de imagem e som, mantiveram-se praticamente no mesmo patamar, com receita de US$ 199 milhões.
Para 2005, a expectativa é que a linha branca amplie as vendas ao mercado externo em torno de 28%; a de portáteis, em cerca de 25%; e a de imagem e som, em 5%.