A Rio Bonito Empreendimentos Agropecuários, fabricante de queijos e doces de Curitiba, está inaugurando um novo sistema de tratamento de efluentes. Resultado do investimento de 200 mil reais, a iniciativa espelha uma preocupação que vem crescendo entre os empresários brasileiros: as barreiras não-alfandegárias. Segundo o empresário Rui Demeterco, um dos diretores da Rio Bonito, estas barreiras hoje constituem um dos principais entraves nas exportações de produtos brasileiros. “Cada vez mais, além da qualidade do produto, os clientes levam em consideração também a postura da empresa em termos de responsabilidade social, respeito e conservação dos recursos naturais”, afirma.
A constatação desta realidade levou a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e o Ministério do Desenvolvimento (MDCI) a lançar, no final do mês passado, um sistema de informação sobre barreiras não-alfandegárias. A iniciativa visa criar um banco de dados que facilite a entrada de produtos nacionais em outros países e ajude a combater o protecionismo disfarçado.
Embora ainda não exporte seus produtos, hoje distribuídos nas regiões sul e sudeste do País, a Rio Bonito conta com um sistema de tratamento de efluentes ainda pouco comum entre empresas de médio porte. Resultado de um investimento de 200 mil reais, o sistema alia tecnologia a processos naturais (biológicos) de tratamento de resíduos. Na primeira das quatro lagoas de tratamento, os resíduos sólidos em sua maioria orgânicos, resultantes do processo de fabricação ? são separados, e parte deles é transformada em ração animal. Os efluentes restantes seguem para um processo de tratamento biológico.
Em uma seqüência de três outras lagoas oxigenadas 24 horas por dia, bactérias especializadas no tipo de dejeto produzido na fabricação de laticínios consomem estes resíduos, limpando a água de forma natural. Depois de passar pela última lagoa, o material tratado segue para uma área de fundos de vale, onde é reintegrada à natureza isenta de qualquer substância nociva ao meio-ambiente.
De acordo com Adriana Martins, da ASM Consultoria e Engenharia, engenheira responsável pela obra de implantação das lagoas de tratamento de efluentes da Rio Bonito, a empresa optou por um sistema eficiente e de baixo risco, dificilmente exposto a falhas humanas ou técnicas. “Havia opções mais baratas, mas a Rio Bonito preferiu investir na construção de um sistema que, em termos de qualidade, iguala-se ao de muitas empresas multinacionais de maior porte”, afirma.
Qualidade premiada
Com a entrada em operação do sistema de tratamento de efluentes, a Rio Bonito estende a seu processo de produção uma qualidade já consagrada pelos produtos. Participando da 29ª edição do Concurso Nacional de Produtos Lácteos, realizada este ano em Juiz de Fora, Minas Gerais, a empresa recebeu prêmios pelos quatro produtos que apresentou. Participando do concurso pela segunda vez, a Rio Bonito conquistou o 1º lugar nas categorias “queijo parmesão”, “queijo do reino” e “originalidade” obtido pelo Crostini, snack crocante a base de provolone. Em segundo lugar na mesma categoria ficou o Arlequino, queijo tipo minas condimentado, outra exclusividade da Rio Bonito. No ano passado, a empresa participou com três de seus queijos, e recebeu três prêmios. A primeira colocação nas categorias “parmesão” e “originalidade” alcançado pelo scamozza, queijo mussarela recheado com ricota flavorizada e o segundo lugar na categoria “provolone”.