A Câmara Setorial da Suinocultura do Paraná pretende discutir na próxima reunião uma proposta de redução da alíquota de ICMS incidente sobre produtos embutidos à base de carne suína nas operações interestaduais. As entidades que integram a cadeia suinícola estudam diminuição do percentual de 18% para 12%, através de alteração na Lei Brandão, que concede incentivos à agroindústria. É mais uma alternativa para tentar minimizar a crise no setor, motivada por excesso de oferta e baixos preços ao produtor.
A idéia de diminuir a alíquota do ICMS partiu do presidente do Sindicarne (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná), Péricles Salazar, na reunião da Câmara na última segunda-feira. “Ainda estamos estudando a proposta, mas até sexta deve haver uma definição”, informa. “O produto industrializado ainda está muito caro. Por isso, na próxima reunião da Câmara, que será marcada nos próximos dias, levaremos o pedido de redução do percentual do ICMS ao secretário da Fazenda, que será convidado para tratar desse assunto”, adianta o veterinário Alexandre Jacewicz, assessor de pecuária da Faep (Federação da Agricultura do Paraná).
A redução do imposto redundará em preço mais baixo do produto ao comércio varejista. “Com isso, o consumidor terá mais um atrativo para comprar produtos da carne suína, que não são tão consumidos por causa do custo elevado”, considera Jacewicz. “Interessa desovar o estoque de carne produzida nas indústrias e desovar mais rapidamente os animais para abate nas propriedades”, salienta. “O varejo já reduziu o preço da carne in natura, o que ainda não caiu são os produtos embutidos (como salames e salsichas)”, reforça o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Romeu Royer.
Aumentando o consumo de carne suína, a expectativa é de recuperação dos preços pagos aos produtores. “O custo de produção está alto, em função do milho que custa cerca de U$ 5 a saca”, relata Jacewicz. Nessa semana, o mercado deu sinais de melhora. “Ontem (anteontem) as empresas estavam comprando o quilo de suíno vivo entre R$ 1,25 a R$ 1,30. Na semana passada, a maioria pagava em torno de R$ 1,00”, informa Royer, nomeado gerente da Câmara Setorial. Criada para regulamentar e organizar a produção de suínos no Estado, a Câmara reúne APS, Ocepar, Sindicarne, Faep, Fiep, Apras, Sema, Seab, Conab e Ministério da Agricultura.
Segundo Royer, a reação do preço se deve à menor oferta de carne. “O preço ficou muitos dias abaixo da realidade por causa da oferta muito grande”. Quando os produtores começaram vender o suíno vivo de menor peso (70 kg), começou a diminuir a oferta de carne. “Como o preço começou a subir, o produtor segura para vender mais tarde”, confirma Royer. Até o final do mês, ele estima que o produtor receba até R$ 1,40 pelo quilo de suíno, devido à escassez no mercado livre. “Com R$ 1,40, dá para cobrir o custo de produção”. Nos próximos dias, também estão previstos reajustes nos preços do sistema integrado – que representa 60% da produção paranaense de suínos.
Das 260 mil toneladas de suínos abatidos e inspecionados no Paraná, cerca de 30 mil devem ser exportadas e 80 mil vendidas para outros estados neste ano, segundo informações do Deral (Departamento de Economia Rural). Mais 50 mil toneladas devem ser vendidas para abate em outros estados.
