Mergulhados em crise há quase um ano e meio – por conta da suspeita de febre aftosa em bovinos no final de 2005, que fechou as portas do mercado internacional para o Paraná, gerando excesso de oferta do produto -, os suinocultores do Estado buscam maneiras de amenizar o problema. Uma das propostas é o estabelecimento de preço mínimo – a exemplo do que já ocorreu com produtos agrícolas como o milho e o trigo.
Além disso, os produtores querem que o governo federal adquira carne através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e que se fortaleça a campanha que incentiva o consumo de carne suína no País. Todas estas propostas foram discutidas, ontem, em reunião realizada em Curitiba, que contou com a participação de suinocultores, representantes da Conab, do Ministério da Agricultura, Embrapa, entre outros. Os resultados devem ser levados a Brasília.
?Algumas medidas já foram definidas, como a linha especial de comercialização para suinocultores e a linha de crédito para a retenção de matrizes suínas. São medidas já encaminhadas e aprovadas, que buscam retirar excedente do mercado para diminuir a oferta?, apontou João Antonio Fagundes Salomão, coordenador-geral para Pecuária e Culturas Permanentes do Ministério da Agricultura. Essas medidas, porém, ainda não entraram em vigor. ?Existe a questão técnica e a política. O que estamos discutindo aqui é apenas a questão técnica?, esclareceu Salomão, que coordenou a reunião ontem.
Preço mínimo
Para o vice-presidente da Suinosul, Centro-Sul do Paraná, Carlos Francisco Geesdorf, um dos principais pontos discutidos ontem foi a formação de um preço mínimo para a carne suína. O preço sugerido pelos produtores do Paraná é de R$ 1,688 o quilo do suíno, em pé e R$ 2,86 o quilo da carcaça. Hoje, segundo ele, o preço médio é de R$ 1,55 e R$ 2,90, respectivamente. A situação, porém, já esteve bem pior, com o suíno, em pé a R$ 1,10 o quilo e a carcaça a R$ 2,00. Até janeiro, o prejuízo estimado dos suinocultores no Paraná, segundo Geesdorf, era de US$ 1 milhão.
?A maioria dos suinocultores está sobrevivendo hoje de outras atividades?, afirmou Geesdorf. Ele próprio, que atua no setor há cerca de 15 anos, está investindo mais na produção de frango do que na de suínos. ?Antes da crise, eu tinha quase 2 mil cabeças de suínos; hoje são cerca de 800. Por outro lado, dupliquei a produção de frangos?, contou.
No Paraná há cerca de 6 mil suinocultores que atuam no processo industrial e o rebanho é de aproximadamente 4,6 milhões de cabeças, com produção estimada em 430 mil toneladas de carne suína.
Rússia
O embargo russo à carne suína do Paraná e de Santa Catarina – maior estado produtor – é um dos maiores agravantes da crise. Antes do embargo internacional, a Rússia respondia sozinha por 70% das compras de carne suína entre os países importadores. ?O Paraná está vendendo para o mercado interno e mercados alternativos, como Caribe, Antilhas?, apontou Gustavo Fanaya, assessor econômico do Sindicato da Indústria de Carne no Paraná (Sindicarne-PR).
Segundo ele, a grande preocupação da indústria é que suinocultores do Paraná desistam da atividade e descartem matrizes. ?Santa Catarina, com o status de livre de aftosa sem vacinação, vai exportar para mercados importantes como Japão, Estados Unidos, Canadá. Com isso, vai reduzir a oferta no mercado interno e aumentar o preço, ou seja, a situação atual, porém, às avessas. Isso também é negativo?, ponderou.
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