Suinocultores protestam por falta de preço

Cerca de 2,5 mil quilos de carne de porco assada foram distribuídos ontem, no centro de Cascavel, Oeste do Estado, como protesto dos suinocultores contra os prejuízos causados pela febre aftosa no Paraná. Segundo o setor, o quilo do suíno pago ao produtor era de R$ 2,40 no início de outubro. Com a suspeita da doença no Paraná, seguida pela confirmação em dezembro, o preço do quilo despencou para R$ 1,40 – o menor do País. O movimento, denominado ?Dia do Alerta da Suinocultura Paranaense?, reuniu cerca de 1,2 mil produtores da região e prosseguiu com uma carreata do centro da cidade até a BR-277.

?Não é tanto um protesto, mas um alerta. As autoridades que têm direito e poder de definir ações (no caso da aftosa) não têm tomado atitudes nos momentos certos?, criticou o vice-presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS) e vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Romeu Carlos Royer. A posição do movimento é pelo sacrifício sanitário do rebanho da Fazenda Cachoeira, apontada como foco de aftosa pelo Ministério da Agricultura. ?O setor privado não pode arcar sozinho com os prejuízos?, acrescentou. Para cada animal com peso médio de 100 quilos, o produtor está deixando de ganhar R$ 100,00. Alguns criadores já contabilizam perdas de R$ 50 mil mensais.

Segundo Royer, o preço do suíno pago ao produtor caiu por conta da sanidade, colocada em dúvida no Paraná. ?Alguns estados fecharam as barreiras, aumentando a oferta do produto no Estado?, apontou. Além disso, foram colocadas restrições, como a venda de animais vivos apenas em cargas lacradas e destinos definidos.

De acordo com o vice-presidente da APS, o preço do quilo do suíno no Paraná é o menor do País, abaixo até mesmo do valor pago aos produtores do Mato Grosso do Sul, onde foram confirmados mais de 30 focos de febre aftosa. ?O segmento não pode ser prejudicado pela demora de uma decisão, seja ela sanitária, econômica ou política. As autoridades que têm poder para definir esta questão têm que tomar ações mais rápidas?, criticou, citando o caso da Argentina, que tão logo confirmou o foco da doença já anunciou o sacrifício dos animais.

Royer chamou à atenção ainda para o fato de que a queda do preço do suíno não chegou ao bolso do consumidor. Segundo a APS, o varejo está vendendo o quilo da costelinha a R$ 10,00 e o pernil a R$ 12,00. ?Se a cadeia como um todo tivesse baixado o preço, até concordaria. Mas quem está sofrendo o achatamento do preço é só o produtor. O consumidor está pagando até mais caro, e é essa a nossa indignação?, disse. Segundo Royer, não estão descartados novos movimentos do setor, inclusive de abrangência nacional, em Brasília.

Reivindicações

Além do abate do rebanho bovino, o setor pediu a renegociação de débitos dos produtores, com prorrogação de vencimento de parcelas vencidas e vincendas, assim como a liberação de novos recursos, nos moldes do financiamento concedido para a retenção de matrizes.

Os suinocultores querem também apoio oficial à estruturação de cadastro nacional da produção de suínos, liberação de recursos para ações e programas de defesa sanitária animal e proteção do rebanho suíno, além de inclusão da carne suína na merenda escolar e nos programas de distribuição de alimentos à população carente, bem como apoio oficial às campanhas de incentivo ao consumo.

O Paraná é o terceiro maior produtor brasileiro de suínos. São cerca de 4,8 milhões de animais no Estado para um total de 38 milhões em todo o País. O Paraná conta com cerca de 21 mil suinocultores, aproximadamente 7 mil na região Oeste.

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