O Tesouro Nacional aparentemente ainda não fez nenhum pagamento para cobrir os subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), iniciado em 2009.

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Assim, uma despesa primária, correspondente a recursos que o Tesouro deve repassar para o BNDES, pode estar sendo acumulada e jogada para a frente. Se nenhum pagamento for feito ao longo deste ano, a conta pode ultrapassar R$ 8 bilhões, em 2012.

O PSI, que pode subsidiar um volume de empréstimos de até R$ 208 bilhões, foi criado em 2009, para combater os efeitos da crise global, e é voltado principalmente para a aquisição de máquinas e equipamentos.

Como tem juros mais baixos do que as linhas convencionais do BNDES, o programa conta com um subsídio explícito do Tesouro. O problema, porém, como detectou o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é que a rubrica dos gastos federais “Equalização de Taxas de Juros nas Operações de Financiamento Destinadas a Aquisição e Produção de Bens de Capital e a Inovação Tecnológica”, voltada ao subsídio do PSI, indica que nenhum pagamento foi feito em 2010 nem em 2011.

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Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, pagamentos de R$ 400 milhões e R$ 3,8 bilhões foram autorizados e empenhados para pagar os subsídios do PSI em, respectivamente, 2010 e 2011 (até maio). O pagamento efetivo, porém, foi zero, assim com também foram nulos os chamados “restos a pagar”, mecanismo pelo qual uma despesa não paga entra na programação do exercício subsequente.

Procurados pelo Estado, Tesouro e BNDES não deram retorno.

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O Tribunal de Contas da União está analisando o tema e já pediu informações à Secretaria do Tesouro. E, no Congresso, a oposição teve aprovado requerimento solicitando informações sobre os subsídios desse programa – conta que vai se somar ao longo dos próximos anos aos subsídios anuais ao crédito agrícola e, assim, pressionar o gasto público.

Segundo Almeida, existe a possibilidade de os pagamentos desses subsídios serem feitos ao longo do segundo semestre ou no final deste ano. Mas ele desconfia que a intenção do governo é, mais uma vez, adiar os pagamentos, já que a conta “Subsídios e Subvenções Econômicas”, onde são contabilizados todos os subsídios ao crédito do governo federal, foi a conta de despesa obrigatória de maior redução na reprogramação orçamentária do plano de corte de R$ 50 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.