A moeda de R$ 1 que você tem no bolso pode valer até R$ 150. Como? Basta que ela seja uma edição comemorativa, lançada em virtude da celebração de 50 anos do Banco Central, da Copa do Mundo ou das Olimpíadas do Brasil, em 2016.
Mais do que colecionar, os entusiastas que guardam moedas, que atendem pelo nome de numismatas, promovem uma verdadeira bolsa de comercialização do hobby. Um negócio que possui até um associação, a Sociedade Numismática Brasileira (SNB), com mais de 800 sócios.
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As negociações são realizadas especialmente pela internet, em sites de vendas ou mesmo em contatos diretos. Existem algumas cédulas que podem ter o valor de R$ 4 mil, segundo o catálogo elaborado pelo consultor Claudio Amato.
O catálogo é considerado pelos colecionadores um dos mais completos, por contar com valores divididos pelo estado de conservação. O valor de R$ 4 mil, por exemplo, corresponde somente se a cédula estiver sem amasso, ou na flor de estampa, como é utilizado no jargão dos colecionadores. Embora não oficial, esse catálogo foi elaborado em 1997 e atualmente está em sua sétima edição.
O valor de uma cédula ou moeda antiga é definido pela quantidade de seus exemplares em circulação e, como já dito, por seu estado de conservação. Além disso, também valem moedas com defeito ou que tenham sido fabricadas em condições específicas, como as notas de R$ 2 importadas da Suíça pelo Banco Central, que atualmente podem ser trocadas por até R$ 4,99.
As moedas que circularam no Brasil na época da Olimpíada de 2016, no Rio, auxiliaram muito no crescimento da base de colecionadores. Segundo a SNB, diversos associados experimentaram o negócio naquele tempo e hoje investem em moedas de cobre e prata do período colonial e imperial do Brasil.
Mas, para Amato, a numismática poderia ser mais difundida. Ele afirma que, além do patrimônio que o colecionador poderia construir, uma vez que os valores de moedas raras tendem a aumentar, é necessário ter um profundo conhecimento histórico para reconhecer o que é ou não uma raridade. “Um adolescente que vai ao jornaleiro e faz coleção de Pokémon não aprende nada”, ele diz.
O carioca Felipe Silveira, como a maioria dos numismatas, não juntou tudo o que tem sozinho. Hoje, ele tem uma coleção particular, que recebeu dos avós, e outra que usa em trocas ou leilões. Com o hobby, ele fatura cerca de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês.
Nem atendendo a reportagem, Silveira para de negociar. Seu telefone não para de vibrar com mensagens de possíveis compradores em busca de mercadorias.
O colecionador conta que seus avós guardavam moedas de cada país que haviam visitado. Panamá, Itália, Portugal, Estados Unidos França e México, são alguns dos locais que têm exemplares em sua coleção. Na pequena caixa de plástico transparente ainda cabiam moedas e cédulas nacionais, inclusive a mais rara da coleção: uma moeda de 20 réis de 1699, cujo valor é desconhecido.
Para Silveira, a curiosidade só se tornou um negócio quando ele descobriu o mercado de colecionadores de moedas. “Comecei a me aprofundar. Entrei em grupos de WhatsApp, alguns no Facebook, e vi que poderia fazer disso um hobby”. Agora, além de trabalhar como coach, ele ocupa boa parte do seu dia com vendas e com a realização de rifas.
Outro que também coleciona é Placido Basilio Marçal Neto. O advogado de 44 anos conta que o colecionador agrega valores e história. Ele entrou neste mercado há menos de um ano, e realiza a venda de peças repetidas. “Compro pelo Facebook, onde há várias comunidades de colecionadores, fiz muitas amizades”, conta. Neste ano, ele já realizou três leilões, onde conseguiu obter uma média de R$ 3.000,00, por evento.
Marçal Neto conta que sua coleção começou muito antes dele. “Com meu pai e meu avô, era uma pequena coleção, só alguns exemplares, porém com o tempo comecei a me presentear com uma peça diferente a cada causa ganha.”
Querendo dar prosseguimento à coleção, ele já repassou para seus filhos, de 10 e 21 anos. Hoje, é apenas um gerenciador, comprando itens que estejam em falta. Além das moedas e cédulas, nacionais e internacionais, ele também coleciona desde cartões telefônicos até rochas antigas.