Funcionários dos Correios promoveram ontem pela manhã um protesto em frente à sede da empresa, em Curitiba, contra a possibilidade de quebra de monopólio no setor de entregas e encomendas. Estava programada uma passeata do bairro Rebouças até a Praça Santos Andrade, mas a chuva forte que caiu em Curitiba atrapalhou os planos. Ainda assim, a manifestação teve adesão satisfatória, de acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Nilson dos Santos, com participação de cerca de cem funcionários, representantes de diversos setores da estatal. Também foram realizadas manifestações e passeatas em Brasília e outras capitais.
Os motivos da manifestação recaíam sobre o julgamento, ontem, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de ação impetrada pela Associação Brasileira das Empresas de Distribuição (Abraed) que pretendia privatizar os serviços postais no País. O Supremo, porém, não concluiu a votação sobre o assunto ontem, mas ao suspender a sessão no início da noite (por pedido de vista do ministro Joaquim Barbosa), a votação estava empatada em um a um: o ministro Eros Grau votou pela manutenção do monopólio, enquanto o ministro Marco Aurélio, relator da ação, votou contra, argumentando que ?o monopólio da atividade postal no Brasil, instituído pela Lei n.º 6.538/78, não foi recepcionado pela atual Constituição Federal.?
?Vamos reunir os trabalhadores em assembléia para que eles decidam se haverá outros atos ou até mesmo greve?, considerou o secretário de finanças do Sintcom, Sebastião Rodrigues da Cruz.
Pressão
Cruz conta que o indicativo de greve já havia sido aprovado em reunião da direção sindical da categoria em Brasília no último final de semana. Os trabalhadores têm a intenção de pressionar o governo com esse mecanismo para que a exclusividade dos Correios nas entregas e encomendas não seja anulada.
Ele informa que as empresas privadas que realizam esses procedimentos, concorrentes do Sedex, não possuem autorização para o serviço. ?O que sustenta os Correios são as encomendas e o Sedex. Só a carta não suporta a estrutura. A empresa tem muita credibilidade neste País. Por que fazer isso com os Correios, que deram lucro de R$ 317 milhões no ano passado??, questionou.
O Sintcom teme que haja demissões caso o monopólio seja quebrado. Os Correios empregam mais de 109 mil funcionários em todo o Brasil.