Stephanes diz que abastecimento interno de grão está garantido

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse nesta segunda-feira (8) que o abastecimento do mercado interno está garantido, apesar das expectativas de queda na produção agrícola acima do previsto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na avaliação da empresa oficial do governo, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de abastecimento, deverá haver uma redução de 2,5% na produção agrícola na safra 2008/2009. Já o ministro estimou que a produção pode cair até 5% na safra que já foi plantada e que será colhida no ano que vem.

Segundo a Conab, as quedas mais expressivas, serão no algodão e no milho, de 7,4% e 20,8% respectivamente. No caso do milho, Stephanes disse que a redução da produção será “coberta” pelo volume de estoques, estimado em cerca de 12 milhões de toneladas. Apesar do recuo estimado na produção, ele argumentou que o governo terá de continuar comprando milho para evitar que os preços caiam de forma expressiva, o que pode desestimular o plantio no ano seguinte. Ele disse que a preocupação do governo é em relação à safrinha, que será plantada no primeiro semestre do ano que vem.

Medidas

Uma avaliação das medidas adotadas pelo governo para blindar o setor agrícola dos efeitos da crise financeira internacional será tema de uma reunião marcada para quarta-feira, em Brasília, contou Stephanes. Ele disse que a idéia é reunir “especialistas e inteligências” para tentar traçar estratégias que permitam o apoio do governo para o período de comercialização da safra, a partir do início do ano que vem.

Stephanes reafirmou que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é garantir os mecanismos de apoio à comercialização. “Ainda não sabemos se o governo precisará lançar outros mecanismos de apoio, mas se for preciso, faremos”, disse. Ele fez, no entanto, um alerta aos produtores rurais. “Os instrumentos que foram utilizados até aqui serão suficientes para amenizar os impactos da crise, mas não para resolver todos os problemas”, disse.

Para a safra 2009/10, Stephanes disse que provavelmente o governo terá que ofertar mais recursos a juro controlado, hoje em 6,75% ao ano, para compensar a ausência das tradings do financiamento. “O governo vai ter de adotar medidas mais claras e isso vai acontecer por meio dos bancos oficiais”, disse. Ele lembrou ainda que o plantio da próxima safra depende do nível de preços dos fertilizantes. De acordo com ele, não é esperada uma “explosão” no preço do petróleo, cotação que influencia diretamente o preço dos nitrogenados.

Fertilizantes

Ele disse, no entanto, que “é preocupante” a situação do potássio e do fósforo. “Os preços caíram um pouco, mas não vemos espaço para cair mais”, afirmou. Ele classificou como “armadilha” a situação do abastecimento interno de fertilizantes. Stephanes contou que os demais países da região também estão preocupados com o abastecimento de fertilizantes. “Com exceção do Chile, o problema é comum a todos os países da região”, disse.

Ainda sobre esse assunto, ele defendeu a importação direta de matéria-prima para a produção de fertilizantes e a organização dos produtores em grupos para a compra no exterior. Stephanes contou que num primeiro momento o governo está estimulando a visita de empresários brasileiros a países produtores, como Rússia, China, Egito e Polônia. Ele não descartou que posteriormente o governo lance linhas de créditos para importação direta de fertilizantes.

Crise

O gerente de agricultura do IBGE, Mauro Andreazzi, disse que a queda prevista na safra agrícola de 2009, de 3,8% em relação a igual período do ano passado, reflete os efeitos da crise econômica mundial sobre o setor, já que houve redução de crédito, aumento de custos dos insumos e queda nos preços das matérias-primas (commodities).

O IBGE divulgou hoje a previsão de novembro para a safra 2009 que, segundo o instituto, deverá somar 140,2 milhões de toneladas, o que representa uma produção 3,8% inferior à safra anterior. Andreazzi ressaltou que a o volume da safra efetiva a ser colhida costuma mudar muito desde a divulgação das primeiras estimativas do instituto, já que a produção depende de fatores mutáveis, como o clima e o mercado.

Clima

Stephanes acrescentou o clima adverso para o desenvolvimento das lavouras à lista da Conab. “Se as perdas forem de 5%, estará ótimo”, disse o ministro ao divulgar uma nova estimativa da Conab, a terceira para o ano-safra. Ele lembrou que as perdas em Santa Catarina são significativas para os produtores locais, mas não são relevantes para as estatísticas.

Ele disse que pediu aos técnicos da Conab um estudo detalhado sobre os efeitos das enchentes na produção local. O governo federal estima em 200 mil o número de agricultores no Estado catarinense, mas na avaliação de Stephanes, poucos produtores foram prejudicados pelas enchentes. “As chuvas atingiram um número muito pequeno de produtores”, disse.

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