O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nesta terça-feira (7) que dados do governo mostram que a Argentina está “empurrando” leite a preços baixos para o mercado brasileiro. Segundo ele, o Brasil não pode “virar depósito de excesso de leite”, num momento em que a Argentina não tem para quem vender. Ele fez as afirmações ao participar de evento na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), onde se discutia o setor de lácteos.

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) acusa a Argentina de triangulação na venda de leite para o Brasil, alegando que há indícios de que o produto esteja sendo comprado da União Europeia por preços abaixo do custo de produção e revendido para o Brasil.

O ministro disse que as informações indicam que um único importador brasileiro tenha comprado metade do leite importado pelo Brasil da Argentina. Essa empresa, segundo o ministro, tem vencido licitações para o fornecimento de leite aos Estados. O ministro ponderou, no entanto, que avaliações da Secretaria de Defesa Agropecuária mostram que os lotes importados da Argentina atendem às condições sanitárias.

Apesar das críticas, o ministro não soube dizer o que pode ser feito contra essa empresa, mas alertou que a saída pode ser uma fiscalização mais efetiva por parte dos governos dos Estados.

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Stephanes defendeu, no entanto, que seja estabelecido mecanismo para que as importações de leite da Argentina voltem aos níveis de comércio anteriores à crise financeira internacional. Ele ressaltou que “não somos a favor do protecionismo, mas as exportações de um país não podem fugir do padrão em período de crise”, disse Stephanes.

Fertilizantes

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Stephanes defendeu maior comprometimento da iniciativa privada e dos parlamentares com uma política que permita a ampliação de oferta de fertilizantes no mercado interno. “Eu fico no ministério mais um ano e pouco, mas estas coisas têm que continuar andando”, disse.

Durante sua apresentação, Stephanes citou alguns pontos que, segundo ele, são críticos na agenda do ministério, como a questão dos fertilizantes. Ele disse que nos próximos quinze dias vai discutir com o Ministério de Minas e Energia uma proposta para elevar a oferta interna de insumos agrícolas. Hoje, o Brasil importa, em média, 70% do fertilizante que consome. No caso do potássio, este porcentual é ainda maior, chegando a 91%.