Partindo de São Paulo, é possível comprar passagens diretas de transporte rodoviário para 1.477 cidades diferentes, sem considerar os municípios da região metropolitana, o que coloca a capital como o maior hub do País. A quantidade de ligações diretas é 2,3 vezes superior da cidade que está na segunda posição, Belo Horizonte, que se conecta diretamente com 643 destinos. Em terceiro, aparece Goiânia, com 606 ligações diretas.

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Os dados são da pesquisa inédita Ligações Rodoviárias e Hidroviárias 2016, lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 30. O estudo revela que, em todo o País, existem 233.980 pares de ligações, de transporte rodoviário e hidroviário, entre as sedes de 5.423 municípios. Os três Estados que apresentam o maior número de saídas semanais são: São Paulo (467.532,25), Minas Gerais (397.978,25) e Bahia (342.730).

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“A localização, por exemplo num grande eixo rodoviário, faz com que o índice de ligações diretas suba”, disse Marcelo Motta, pesquisador do IBGE.

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Entraram na conta todas as formas de transporte público de passageiros regular, regularizado ou informal. As informações foram levantadas entre julho e janeiro passados, diretamente com os responsáveis pela venda das passagens. O IBGE desconsiderou viagens entre as cidades de um mesmo “arranjo populacional” (classificação semelhante à de região metropolitana), para não confundir as viagens com a estrutura de mobilidade urbana.

A pesquisa identificou 320 municípios em que não há transporte público para outras cidades. Nesses casos, “a população se utiliza apenas de transporte particular”, ou o transporte público “não atende aos requisitos de regularidade temporal ou espacial” da pesquisa. Quando regular, a ligação entrou na pesquisa, mesmo que o transporte não fosse legalizado.

O IBGE usou a declaração do CNPJ como uma indicação de transporte informal e verificou que ele se destaca no Nordeste, “seguindo o padrão nacional de distribuição da renda”. “As linhas de maior frequência são aquelas que se direcionam para as capitais, oriundas de seu entorno, principalmente Recife (PE) e João Pessoa (PB)”, diz o relatório da pesquisa.

Amazônia

As viagens de transporte público e regular mais demoradas do País são feitas pelos rios da Amazônia. A ligação mais rápida entre Manaus e Japurá, cidade de 7,3 mil habitantes no extremo oeste do País, na fronteira com a Colômbia, leva seis dias inteiros. A informação está na pesquisa inédita Ligações Rodoviárias e Hidroviárias do IBGE.

Conforme o estudo, as ligações hidroviárias, cuja frequência das viagens possui um patamar bem inferior ao do rodoviário, se localizam quase exclusivamente no Norte, denotando o isolamento relativo dos municípios dessa região.

Segundo Thiago Arantes, geógrafo do IBGE, a pesquisa procurou medir a acessibilidade. Por isso, o objetivo foi identificar qual a forma mais rápida e mais barata de se viajar de uma cidade a outra. No caso de diferenças entre ida e volta – o que é comum no transporte pelos rios da Amazônia, já que o trajeto contra a corrente demora mais -, o estudo considerou o trecho mais rápido. A ligação entre Manaus e Japurá é a mais inacessível, por essa ótica.

Já a ligação regular mais inacessível do ponto de vista financeiro é a viagem entre Fortaleza e Pelotas (RS). A passagem de ônibus mais barata entre as duas cidades custa R$ 931,26. A viagem leva 76 horas, um pouco mais do que três dias. Uma pesquisa no Google informa que a distância rodoviária entre as duas cidades é de 4.467 quilômetros. De carro, a viagem levaria 52 horas, um pouco mais de dois dias inteiros, sem trânsito e sem parar.