A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) afirmou ontem que, apesar dos rebaixamentos recentes no rating soberano do Brasil e de empresas brasileiras, a pressão para novos rebaixamentos permanece. Segundo a S&P, a política interna brasileira continua sendo um dos principais riscos para a nota de classificação de risco do País.

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Em um relatório divulgado ontem, intitulado “Condições de empréstimo na América Latina melhoraram, mas riscos permanecem”, a S&P faz um panorama das condições de crédito nos países latino-americanos e diz que, à primeira vista, as condições de financiamento na região ainda estão um pouco mais favoráveis em 2017 do que eram no ano passado, o que deu algum impulso ao crédito para a região.

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No entanto, a agência alerta que os riscos podem deteriorar as condições de crédito, com o aumento da instabilidade política, um possível retrocesso com a queda dos preços do petróleo ou com um aumento significativo do protecionismo comercial. “No entanto, acreditamos que os riscos são mantidos à distância atualmente. Do lado positivo, uma ausência considerável desses fatores melhoraria, de fato, as condições de financiamento, bem como a confiança dos investidores, embora acreditemos que isso possa estar um pouco distante.”

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Em entrevista dada ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na quinta-feira, a diretora executiva de rating soberano da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, disse que a reversão de políticas e propostas do governo brasileiro “poderia levar ao downgrade” da nota soberana do País. Segundo ela, tal reversão de medidas, sobretudo fiscais, defendidas pela administração Michel Temer poderia se motivada por uma paralisia política. Lisa destacou que a reforma da Previdência é uma das principais propostas para reverter a dinâmica das contas públicas, junto com a adoção do teto de gastos.

Ao ser questionada sobre o risco de os desdobramentos mais recentes da Operação Lava Jato, como a determinação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de abertura de inquérito contra ministros e lideranças políticas no Congresso, afetarem a aprovação da reforma da Previdência Social, Lisa respondeu que “a dinâmica política é fluida”. “Não dizemos que vão (ocorrer), mas há riscos associados de que as delações possam complicar a adoção de politicas”, acrescentou a diretora da S&P, referindo-se aos depoimentos de dezenas de executivos da Odebrecht aos órgãos de Justiça que investigam casos de suspeita de corrupção envolvendo a Petrobrás.

“Os desdobramentos (políticos) são um importante exemplo porque temos a perspectiva negativa para o Brasil”, comentou. No dia 10 de fevereiro, a S&P reiterou a nota soberana, que é BB-, com perspectiva negativa. “Há o contraponto positivo, por outro lado, de que as investigações fortalecem as instituições no Brasil”, concluiu