São Paulo – O advogado Paulo do Amaral, de 66 anos, que mora em Sorocaba (SP), decidiu, no fim do ano passado, dar um presente a si mesmo. Comprou um televisor de plasma de 42 polegadas por R$ 9,999 mil. Chegando em casa, constatou que a imagem da TV não era maravilhosa como a exibida na loja.
?Apareceram manchas nas laterais da tela?, diz Ricardo Soares Amaral, filho do advogado. Decepcionado, Paulo mandou o aparelho para a assistência técnica. Só então ficou sabendo que não há como resolver o problema. As emissoras de TV aberta no Brasil ainda usam tecnologia analógica e os aparelhos de plasma estão preparados para transmissão digital. Paulo descobriu que só conseguiria obter a imagem da loja se assinasse TV paga digital ou assistisse a um DVD.
Energia
Além da imagem, muita gente se viu surpresa com o aumento do consumo de energia. Enquanto uma TV convencional de 32 polegadas consome em média 150 W, o consumo médio de energia de um televisor de plasma de 42 polegadas é mais que o dobro, ficando em 320 W. As TVs com telas de cristal líquido também têm consumo menor que as de plasma.
A TV de plasma, que foi o eletroeletrônico vedete na época da Copa do Mundo, na prática revelou-se um mico para o consumidor. Na época, grandes redes varejistas chegaram a reduzir em 20% os preços em relação à cotação do ano passado.
A Seleção Brasileira foi desclassificada e o preço do produto caiu ainda mais depois da Copa. Hoje um TV de plasma pode ser adquirida por R$ 4,650 mil. Antes do início da Copa, o produto custava cerca de R$ 8 mil.
Justiça
No início de junho, a juíza Márcia Cunha, da 2.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedeu uma liminar que determinou que os fabricantes informem aos consumidores que a qualidade da imagem dos aparelhos no sistema transmissor do País não é a que prometem os anúncios. A juíza também determinou a suspensão imediata da publicidade do produto e fixou multa diária de R$ 100 mil pelo descumprimento da ordem.
Fabricantes dizem que não há nada errado
São Paulo – Os fabricantes de televisores de plasma negam que esse tipo de aparelho tenha defeitos na imagem. A direção da Eletros (associação do setor) informou que não há incompatibilidade entre a TV de plasma e o sistema de transmissão brasileiro. Segundo a entidade, ?haveria incompatibilidade se o aparelho não funcionasse, o que não é o caso?. De acordo com a associação, os aparelhos são compatíveis e recebem as imagens.
Quanto ao efeito burn-in, que são faixas pretas nas laterais que podem manchar a tela do televisor, a Eletros esclarece que ?não há nenhum tipo de dano?.
De acordo com a associação, as novas tecnologias têm recursos que revertem esse tipo de ocorrência.
A entidade enfatiza que nenhum processo na Justiça apresenta prova técnica de que esse efeito tem prejuízo irreversível.
Futuro
A TV aberta deve se digitalizar no ano que vem. Isso, no entanto, não garante que toda a programação será em widescreen, com formato de 16×9. Parte dela pode continuar no formato convencional, de 3×4, por algum tempo.
A transição da televisão de tubo para o plasma e cristal líquido, no entanto, está acontecendo bem rápido. No Brasil, a previsão é que, em três ou quatro anos, o plasma e o cristal líquido já respondam por metade do faturamento. No mundo, as TVs de tubo ainda têm de 83% a 85% do mercado.