Presidentes de organizações de cooperativas de vinte estados brasileiros encerraram na sexta-feira uma maratona de visitas às integrantes do sistema no Paraná. Cooperativa Agrária (em duas categorias), Coamo, Copacol, Coopavel, Frimesa e Lar foram as cooperativas paranaenses que conquistaram sete entre os oito títulos do Prêmio Cooperativas do Ano 2004, promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a revista Globo Rural. O objetivo da visita foi verificar programas e iniciativas que resultaram nas premiações, e levar a experiência do setor agropecuário paranaense para todo o País.
Os principais destaques se enquadram na profissionalização e aprimoramento técnico e pessoal dos produtores, responsabilidade social e investimentos em infra-estrutura, produtos e cooperação mútua. Fatores estes que foram constatados, por exemplo, nos pequenos produtores da região de Cafelândia, região Oeste do Estado. Eles conseguiram somar qualidade e números para render à cooperativa agroindustrial Copacol a conquista da categoria Qualidade Total na Avicultura. A empresa é hoje a segunda em volume de abate de frangos no Brasil, com fechamento da produção do ano passado em 62 milhões de cabeças.
Mas os números, isolados, não poderiam render a premiação, de acordo com o presidente Valter Pitol. ?Antes o produtor era mero fornecedor de mão-de-obra e a produtividade alcançava bons resultados. Mas faltava aplicar na qualidade do produto e, principalmente, nas condições de vida e produção do cooperado?, explica.
Foi o cenário que deu origem, então, ao programa premiado, tendo como base investimentos na família, na melhoria dos aspectos estrutural e estético das propriedades e, ainda, na motivação que evitaria a proliferação do êxodo rural. Para tanto, foram realizados treinamentos e divulgação, em meios de comunicação locais, dos melhores lotes avaliados. ?Além disso, havia premiação em dinheiro?, lembra Pitol.
Até agora, cerca de 120 famílias foram treinadas dentro do programa, o que vem dando suporte para os planos de expansão da Copacol. A região onde está localizada já representa 40% de toda a economia agrícola do Estado do Paraná e os investimentos em produção diversificada e industrialização estão sendo viabilizados graças ao empenho do pequeno agricultor, que topou se aperfeiçoar para alcançar metas ousadas: o faturamento calculado para este ano é de R$ 715 milhões, enquanto para 2008 a previsão é chegar a R$ 1 bilhão.
Coopavel
O desempenho da Coopavel na conquista da categoria Intercooperação do prêmio de cooperativas está relacionado à aplicação de educação no campo aliada ao uso de técnicas e programas em diferentes áreas de produção.
A cooperativa conta com a Unicoop, espécie de centro de treinamento que capacita trabalhadores em técnicas de campo e os prepara para ingressar em uma das universidades conveniadas à Coopavel. ?As multinacionais estão investindo no Brasil e as cooperativas têm de estar preocupadas com a formação de profissionais qualificados, o que as torna competitivas?, acredita o presidente, Dilvo Grolli.
E foi a partir de iniciativas internas, como a Unicoop, que a cooperativa pôde estender pesquisas e mão-de-obra a uma cooperativa do interior do Estado de Alagoas, a Carpil, rendendo o prêmio de Intercooperação. Quando o programa começou, a cooperativa alagoana estava à beira da falência e a solução foi enviar profissionais daqui para conhecer o local e adaptar técnicas. ?Focamos a produção na demanda e capacidade que tinham. A de leite, por exemplo, quadruplicou, e a de milho aumentou em sete vezes. Também fizemos palestras e treinamentos?, lembra o gerente da Unicoop, Antônio Putini. Com o projeto foram gastos R$ 30 mil, valor considerado baixo pelos investidores frente às vantagens vistas. ?Quanto mais produtividade, mais empregos. Com esse programa foram criados 588 deles. E aqui, no Paraná, isso reflete em experiência e motivação, além de aperfeiçoamento de pessoal e criação de novos projetos?, afirma o presidente.
Outros prêmios
As cooperativas Frimesa e Lar conquistaram, respectivamente, os títulos de destaque em Marketing e Meio Ambiente. O projeto da Frimesa de posicionamento da marca teve como base a visão de clientes, colocação de concorrentes no mercado e o público interno. De acordo com o presidente Valter Vanzella, foram investidos R$ 2 milhões entre 2002 e 2003 em reformulação de rótulos e embalagens e posicionamento de marketing.
A Lar, com seu projeto de gestão ambiental, teve por objetivo angariar produção sustentável ligada a qualidade de produtos e imagem da empresa. ?Para cumprir com a responsabilidade social, é preciso produzir sem agredir o meio ambiente?, acredita o presidente da cooperativa, Irineo Rodrigues. Foram feitos investimentos em tratamento de efluentes, coleta de embalagens de agrotóxicos, recuperação de áreas degradadas, proteção de nascentes e educação ambiental.
As outras duas cooperativas premiadas no Paraná foram a Agrária, de Entre Rios, com os prêmios Gestão Profissional e Responsabilidade Social, e a Coamo, na categoria Educação Cooperativista.
Estrutura e produtividade são prioridade
Entre os planos de investimento das cooperativas, a ampliação de produtividade e estrutura é o principal deles. A Copacol, por exemplo, está aplicando atualmente cerca de R$ 20 milhões na suinocultura. ?Este ano calculamos abater 36 mil cabeças; em 2008, a previsão é de 130 mil?, revela o presidente. ?Também haverá um novo setor para industrializados de frango, com capacidade para três mil toneladas/mês, em um investimento de R$ 35 milhões.? A cooperativa investe ainda R$ 30 milhões para melhorar a estrutura de recebimento de grãos, usados principalmente na fabricação de ração, outra de suas fortes vertentes.
A Coopavel tem como principal nicho de mercado os industrializados, que responderam por 65% do faturamento recorde de R$ 773 milhões no ano passado. Recorde, também, foram os investimentos, que saltaram de cerca de R$ 25 milhões em 2003 para quase R$ 43 milhões em 2004, ou 4% de toda a rentabilidade da cooperativa.
O valor está sendo aplicado na melhoria dos entrepostos para recepção de cereais, projetos na unidade produtora de suínos, e, principalmente, na ampliação do frigorífico de aves, permitindo a duplicação da capacidade de abate de frangos, que deve saltar de 140 mil para 280 mil cabeças/dia. (LM)