O anúncio de encerramento das atividades da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo pegou o governo de São Paulo e a prefeitura de surpresa, já que a companhia não fez qualquer tipo de aviso prévio ou solicitação às autoridades. “A decisão não foi comunicada previamente, nem houve qualquer tipo de solicitação”, comentou o governador de São Paulo, João Doria, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
Segundo o governador, após ser questionado se houve algum debate sobre incentivos fiscais durante a reunião com executivos da montadora, que antecedeu a entrevista, “a decisão da Ford não foi fundamentada em questões fiscais, mas sim em linha com a estratégia global da montadora”. “Não há como reverter esta decisão”, disse. “A solução é encontrar um comprador que, preferencialmente, possa aproveitar o parque fabril e a ampla experiência dos funcionários lá alocados”, continuou, em referência aos cerca de dois mil empregos da unidade.
O secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, contextualizou o cenário da indústria automotiva no mundo. “O setor está passando por mudanças estruturais em escala global e é preciso entender esta situação”, disse.
Já o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, explicou que, apesar de a reunião não ter entrado na discussão sobre incentivos fiscais, a prefeitura atendeu a “todos os pleitos da Ford à prefeitura nos últimos dois anos”.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que não foi chamado para este primeiro encontro do governo com a Ford, será convidado a participar “em momento oportuno”, explicou Doria.
Impacto fiscal
De acordo com o prefeito de São Bernardo, caso o fechamento da fábrica venha a se concretizar, o impacto na arrecadação será de cerca de R$ 18 milhões. “São R$ 4 milhões de Imposto sobre Serviços (ISS) e outros R$ 14 milhões de Impostos sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS)”, comentou.
Para Meirelles, entretanto, este impacto não se confirmará. “Havendo comprador para a fábrica, não haverá qualquer impacto sobre empregos e arrecadação. O Brasil está crescendo e o ambiente é favorável para encontrar interessados”, disse o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central.