A liberação do plantio e comercialização da soja transgênica na próxima safra não vai prejudicar as exportações brasileiras do produto, segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “Não há sinais de que o eventual crescimento desse produto perturbe o mercado internacional para o Brasil”, afirmou.
Ele disse que os produtores de soja não iriam plantar as sementes geneticamente modificadas caso não houvesse a certeza de que esse produto teria aceitação no mercado. “Não existe agricultor que vá produzir alguma coisa para a qual não haja mercado”, afirmou o ministro.
Segundo Rodrigues, os países compradores não definiram preços diferentes para os dois tipos de produtos -transgênicos ou convencionais -, e o importante é cuidar da questão da rotulagem.
“Não existe um diferencial de preço. Se o mercado não quer o transgênico, então que pague pelo não-transgênico”, afirmou. “O mercado só se preocupa com a questão da rotulagem, então vamos rotular”, disse Rodrigues.
A expectativa para a próxima safra é de uma produção de 55 milhões de toneladas de soja. Segundo estimativas dos produtores, o Rio Grande do Sul deve utilizar sementes modificadas em 70% das lavouras e as exportações de transgênicos devem atingir 100%.
O ministro participou ontem do encontro SoyFoods, sobre o mercado de soja, em São Paulo.
Emergência
A liberação do plantio e comercialização de soja transgênica para a próxima safra era uma questão emergencial, que evitou uma desobediência civil por parte dos produtores brasileiros, disse o ministro Roberto Rodrigues.
Segundo ele, o governo não teria como fiscalizar toda a produção da próxima safra, já que os agricultores não tinham outra opção a não ser utilizar a soja modificada.
“Tínhamos uma questão emergencial pela frente e não havia como fugir da realidade. A expectativa era de uma desobediência civil. Os produtores iriam plantar premidos por questões econômicas”, afirmou o ministro.
Na semana passada, o governo publicou uma medida provisória para tentar regularizar o plantio da próxima safra de soja, já que os produtores, principalmente do Rio Grande do Sul, afirmavam que não haveria sementes convencionais para todos.
A expectativa agora é que seja enviado no próximo mês um projeto de lei sobre a questão ao Congresso Nacional, mas ainda não há consenso dentro do governo sobre a questão.
Requião reafirma proibição
O governador Roberto Requião reafirmou ontem que o Paraná vai manter seu diferencial de qualidade e afastar a adoção da soja transgênica no Estado. A posição do governador foi manifestada durante o Seminário “Promoção de Exportações O Paraná na Agenda Internacional”, realizado em Curitiba. A soja natural, segundo o governador, tem uma aceitação universal e é uma das exigências para a abertura deste mercado para a China, que acena um acordo de importação do produto para os próximos 10 anos.
“Nós temos que defender o Paraná e o Brasil e deixar de lado a globalização, a não ser que ela seja interessante para nós”, afirmou Requião. “É por isso que está em estudo a implantação de um programa de acompanhamento da soja no Estado desde a sua colheita até o embarque no Porto de Paranaguá, como forma de garantia de qualidade para os importadores”. Quem adotar a transgenia, na opinião do governador, terá prejuízos a curto, médio e longo prazos.
Estudos
O coordenador geral de Apoio à Promoção das Exportações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Arthur Pimentel, considerou importante a posição do governo do Paraná com relação aos transgênicos e disse que o assunto ainda deve gerar novas discussões. “É bom sabermos a posição do governo do Estado até porque estamos fazendo um estudo dos produtos com capacidade de competição e direcionando estes produtos para mercados específicos”, disse.