A cotação da soja produzida no Paraná alcançou o maior valor pago em real pela saca de 60 quilos em comparação a outros mercados produtores, divulgou ontem a Agência Estadual de Notícias, órgão de divulgação do governo do Estado. Informações fornecidas pelo mercado agropecuário apresentam diferenças significativas entre os três Estados do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Mato Grosso e Minas Gerais.
A maior cotação foi registrada no município paranaense de Guarapuava (R$ 53,00), seguida pelas verificadas em Apucarana e Porecatu (R$ 52,50), também no Paraná. O menor índice do Estado ocorre em Ponta Grossa (R$ 51,00), mesmo assim, superior ao de outras localidades no país.
Entre os Estados avaliados, o Mato Grosso do Sul foi o que mais se aproximou dos valores positivos do Paraná, chegando a alcançar R$ 50,00 pela saca. O pior desempenho foi verificado no município de São Borja, no Rio Grande do Sul, onde a cotação foi de R$ 46,00. De acordo com o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, este é o reconhecimento à soja pura produzida no Paraná e à determinação do Governo do Estado em buscar a qualidade do produto.
O superintendente destacou também a tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) e pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) que deu ao Paraná o reconhecimento de que o Estado detém uma das maiores produtividades de soja do mundo.
“É uma prova de que não precisamos de tecnologias de laboratórios de multinacionais, que obrigam o pagamento de royalties pelas técnicas utilizadas.”
Movimento
Com a liberação do pátio de triagem no final da tarde de quinta-feira, aos poucos a movimentação no Porto de Paranaguá volta ao normal, permitindo que a fila que se formou ao longo da BR-277 e do Contorno Leste voltasse a andar. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o final da fila ainda estava no Contorno Leste devido à chegada de caminhões de Ponta Grossa, Norte do Paraná e do Paraguai. “A fila está em deslocamento, só pára um pouco devido ao pedágio, porque só uma cancela está funcionando, e por causa da baixa velocidade dos caminhões, que estão muito carregados”, informou o comandante da 2.ª Delegacia da PRF, Laertes Lisboa dos Santos.
Como os caminhões que estavam no acostamento da rodovia ficaram vários dias parados, a PRF prestou socorro aos motoristas que estavam com problemas mecânicos nos freios ou baterias descarregadas. “Esperamos que hoje (ontem) à noite, nenhum caminhão esteja mais no acostamento”, disse o policial rodoviário.
No Porto de Paranaguá, mais de mil caminhões saíram do pátio de triagem rumo aos armazéns. Quatorze navios estavam atracados, entre eles o Galene, que embarcava 62,9 mil toneladas de soja para Índia e China. De acordo com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a embarcação deveria partir entre a meia-noite de ontem e uma hora da madrugada de hoje, cerca de 12 horas antes do prazo previsto. Ainda ontem, estava programada a atracação do navio “Silver Mei”, que irá receber 59,6 mil toneladas de soja. O navio “Babitonga” também deveria atracar ontem, para carregar 55 mil toneladas de milho. Ao largo, há 45 navios e nas próximas 48 horas, mais 18 embarcações devem chegar, segundo a Appa. Em Antonina, há quatro navios carregando.
Transgênico continua sendo rejeitado
Apesar da determinação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para que a Appa “se abstenha de tomar qualquer medida restritiva em relação ao embarque de soja transgênica no Porto de Paranaguá”, o governo do Estado não abre mão da proibição, baseada na determinação do governador Roberto Requião. A lei estadual que proibia o plantio, transporte e comercialização de transgênicos foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Appa, o presidente Lula prometeu, na frente dos ministros, que o Porto de Paranaguá não embarcaria transgênicos. Alega ainda que não há comprovação dos danos causados ao organismo humano e que essa seria uma exigência dos principais mercados (Europa e Oriente Médio).
O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, informou ontem que não conhece o teor do pedido da Antaq. “Não sei se foi protocolado em Brasília, no porto ou na Seab, mas a posição do governador Roberto Requião permanece a mesma: favorável ao escoamento e comercialização da soja convencional e que a soja transgênica seja exportada por outros portos”, argumentou. Questionado sobre a existência de base legal para a proibição de embarque de soja transgênica em Paranaguá, Pessuti respondeu que “de certa forma existe, porque toda soja tem que ser acompanhada de laudos de transgenia e a lei (federal) estabelece que se for transgênica, terá que ser separada. Segundo a autoridade portuária, não temos condições de fazer a segregação em Paranaguá”.
Segundo Pessuti, a opção pelo carregamento exclusivo de soja convencional é uma questão de logística. “O Porto de Paranaguá não tem silos para fazer a segregação e rotulagem, para exportar de forma separada”, afirmou. Em relação à promessa do governo federal declarar o Paraná como área livre de transgênicos, ele disse que tem conversado semanalmente com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Amauri Dimarzio, mas até agora não saiu a portaria com o reconhecimento desse status. “Eles alegam que não têm condições de nos atender, porque existem pessoas que plantaram transgênicos. Mas quando pedimos a relação de quem plantou, eles não fornecem”, comenta Pessuti.
O superintendente da Appa, Eduardo Requião, reforça que não cederá às pressões para liberação de transgênicos no Porto de Paranaguá “que, sabemos, vêm de fora do Brasil”. “Aqui, no Porto de Paranaguá, não haverá embarque de transgênicos e a Claspar (Empresa de Classificação de Produtos do Paraná), de forma eficiente está realizando seu trabalho, analisando e refugando as cargas contaminadas”, diz.
