Os produtores de soja convencional ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) vão poder exportar a produção para a União Européia. A parceria envolve a Fetraf-Sul, Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda. (Cotrimaio) e empresas da França. Marcos Rochinski, coordenador estadual da Fetraf-Sul, explicou que o processo faz parte de intercâmbios que vêm sendo estabelecidos há mais de dois anos com a Europa.
Delegações da Fetraf-Sul articularam com ONGs da União Européia a exportação de soja convencional destinada à produção de alimentos para o consumo humano e de animais. Para garantir a produção, a Fetraf e os sindicatos de trabalhadores rurais estão cadastrando os agricultores. O projeto é coordenado por Martinho Manoel da Silva, ligado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Do Sudoeste paranaense devem ser exportadas 200 mil sacas de soja nesta safra. Marcos esclareceu que ?mesmo que a gente tenha tido problemas com a estiagem, nós temos condições?. A Fetraf e os sindicatos de trabalhadores devem reforçar o projeto porque nos países da União Européia há uma grande demanda por soja convencional. ?Aquilo que se fizer nesta safra é uma forma de consolidar um mercado na Europa?, salienta Marcos.
Expansão
Nilton Fritz, engenheiro agrônomo da Emater de Francisco Beltrão, que assessora produtores orgânicos, considera possível os produtores de soja orgânica e convencional atenderem a demanda solicitada pelos clientes da França. A produção da soja que será exportada pelos agricultores paranaenses terá um acompanhamento.
O coordenador estadual diz que as entidades participantes do projeto estão otimistas ?porque o peso que algumas autoridades jogaram neste projeto é muito importante. Tivemos visitas de governadores e deputados e ONGs?. Na França há regiões, como a Bretanha, que assumiram o debate sobre a produção e importação de soja não transgênica na Europa, dentro da proposta de auto-sustentabilidade.
Marcos informa que a Fetraf definiu a região Sudoeste como a fornecedora de produtos convencionais por suas características de predominância de agricultura familiar (minifúndios), a articulação das organizações sindicais e cooperativas de produção da agricultura familiar. A partir da consolidação do projeto no Sudoeste, ele deve ser expandido para outras regiões. O coordenador da Fetraf ressaltou que ?pela situação criada no Rio Grande do Sul com os transgênicos, seria difícil justificar aos europeus que não se trata de soja transgênica?.
Precaução
A posição do governo do Paraná contrária ao plantio de transgênicos foi um dos fatores que permitiu a articulação do Paraná com a União Européia. Os aspectos técnicos, a produção, organização e a logística são acompanhados pela Fetraf e Cotrimaio. A cooperativa de Três de Maio (RS) está preparada para fazer a coleta, armazenagem, análises e a exportação da soja.
As empresas importadoras estão adotando a perspectiva de poder contar com a produção de soja sustentável, já que, na opinião de Marcos, ?a União Européia tem consciência maior, tem a preocupação de que produtos produzidos não estejam degradando o meio ambiente, seja na Europa ou em outras partes do mundo?.
Embrapa exibe oito cultivares de soja transgênica
A Embrapa Soja, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está apresentando 23 cultivares de soja durante o Show Rural Coopavel 2006. Pela primeira vez, estão sendo apresentadas oito cultivares de soja RR desenvolvidas pela Embrapa. São elas: a BRS 256 RR, BRS 247, RR BRS 244 RR, BRS 243 RR, BRS 255 RR, BRS 246 RR, BRS 245 RR, BRS 242 RR.
?São variedades de ampla adaptação e altamente produtivas. Mas o agricultor precisa se lembrar que o transgênico é mais uma alternativa tecnológica e não uma solução milagrosa. A escolha entre o transgênico e o convencional vai depender de variáveis como mercado, características e na origem das cultivares e, principalmente, nas condições da lavoura?, explica o pesquisador Lineu Domit, da Embrapa Soja.
Para o agricultor que adota o sistema produtivo convencional, a Embrapa está apresentando 15 cultivares, sendo duas delas específicas para consumo humano. As cultivares BRS 257 e BRS 213 têm sabor suave, devido ao baixo teor de lipoxigenase, enzima responsável pelo gosto de feijão cru da soja. Cinco cultivares de soja convencionais também estão sendo demonstradas na área de agricultura orgânica: BRS 257, BRS 232, BRS 258, BRS 213, BRS 230.
?Temos sementes convencionais e transgênicas em volume suficiente para atender os agricultores?, destaca Francisco Tenório Falcão Pereira, gerente do escritório de negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia, em Londrina, PR. As cultivares da Embrapa podem ser adquiridas em produtores de sementes parceiros da Embrapa. A Embrapa é atualmente a empresa líder do mercado de sementes de soja no Brasil, respondendo por cerca de 40% do mercado brasileiro de sementes.
Projetos
Este ano, o Show Rural espera a presença de 140 mil visitantes durante os cinco dias de feira (o evento termina amanhã). São cerca de cinco mil experimentos à disposição dos agricultores. Por exemplo:
Labirinto
A caminhada sinuosa leva 15 minutos. Tempo para aprender os riscos de usar veneno demais, como desmatamento, rios contaminados, terra produzindo pouco e o agricultor sofrendo com as conseqüências.
Sem veneno
Alguns produtores já estão interessados no mercado que dispensa qualquer gota de veneno. Em uma pequena área há soja, feijão, batata, araruta e dezenas de sugestões. (Da redação)