Média americana foi de 102 sacos por alqueire, contra 140 obtidos no Paraná. |
Agricultores paranaenses que optaram por manter o cultivo de soja convencional estão obtendo índices de produtividade superiores aos dos americanos. É o que indica avaliação da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Núcleo Regional de Pato Branco. A produtividade da soja convencional no município de Coronel Vivida passa dos 140 sacos por alqueire e nos municípios de Chopinzinho e São João é maior que 120 sacos por alqueire.
Essas produtividades, obtidas em 2004 – quando houve uma forte estiagem -são superiores às dos cultivos da soja transgênica nos EUA, onde é plantada predominantemente a soja geneticamente modificada. A média da produtividade americana apresentada entre 1995 e 2001 foi de 102 sacos por alqueire.
Enquanto isso, produtores gaúchos com o plantio de grãos transgênicos sem procedência na safra 2003/04, amargaram uma produção média de 1.400 quilos por hectare, também em condição de seca. No mesmo período o Paraná, segundo a Conab, teve uma produção média – mesmo com seca – de 2.550 quilos por hectare.
Muitos dos produtores da região Sudoeste do Paraná, que seguem as orientações técnicas e usam uma boa tecnologia de cultivo, dão exemplo de produtividade com a soja convencional. Os agricultores de Coronel Vivida, Reneu Rafael Colferai, nas localidades de Santa Regina e Alto Pinhal, e Darci Betanin, da localidade de Vista Alegre, produziram na safra passada 150 sacas/alqueire de soja convencional.
Em Chopinzinho, Antônio e Roberto Prado, da localidade de Passa Quadro, e Domingos Moretto, da Linha São Francisco, produziram 125 sacos por alqueire. Em São João, Lothário Dierings, da Linha São Roque, e Osvaldir Victali, da Linha União, produziram 130 sacos por alqueire.
Segundo o engenheiro agrônomo Ely da Costa Martins, da Seab de Pato Branco, essa produtividade é a prova que a soja convencional paranaense é muito mais produtiva que a soja predominantemente transgênica cultivada nos EUA. Ely destaca ainda "que os agricultores paranaenses não deveriam dar ouvidos à falácia de que a soja transgênica é mais produtiva, pois a transgenia desse tipo de soja serve apenas para incrementar o uso do glifosato, não tendo nada a ver com o aumento de produtividade."
Custo de produção
Os produtores de soja do Paraná ainda levam vantagem no custo de produção, pois nos EUA ele é de U$ 6,81 por saca de 60 quilos, enquanto no Paraná é de U$ 5,36 por saca de 60 quilos . Outro estudo sobre custos de produção de soja nos EUA e no Brasil publicado no Boletim Conab, de agosto de 2001, revela que enquanto os custos da soja nos EUA cresceram 2,5% ao ano no período de 1996 a 1999, no Brasil, os custos de produção da soja convencional declinaram 4,3% ao ano, entre 1996 e 2001.
Segundo o engenheiro agrônomo Jorge Luiz Canterle, de Chopinzinho, os custos com os herbicidas na soja convencional se aproximam dos R$ 250,00 por alqueire. Canterle afirmou que na soja transgênica um agricultor de Chopinzinho usou 14 litros por alqueire, tendo um gasto em torno de R$ 150,00 por alqueire com a aplicação do herbicida Roundup Transorb da Monsanto, o mais concentrado à base do glifosato.
Canterle diz ainda que "muitos agricultores não tiveram sucesso com esse tipo de aplicação na soja transgênica, pois o glifosato não eliminou eficazmente as ervas daninhas nabiça, trapoeraba e o assa-peixe."
No Estado do Rio Grande do Sul, principal produtor da soja transgênica, o uso de agrotóxicos não diminuiu com esse tipo de cultivo. De acordo com a FNP Consultoria (Agrianual, 2000 e 2003), a soja gaúcha apresentou o maior incremento do consumo de herbicidas por unidade de área, considerando as posições de 1999 e 2002. Cresceu 47,6%, enquanto decresceu na maioria dos estados.
Dados fornecidos pelo Núcleo Regional da Seab de Pato Branco revelam que no ano de 2003 foram comercializados 2.480.604 quilos e litros de herbicidas nos 16 municípios que compõe esse núcleo. Dessa quantidade, 1.147.171 quilos e litros (46%) foram de herbicidas à base do glifosato. Dos 1.147.171 quilos e litros, os herbicidas à base do glifosato da multinacional americana detentora da patente da soja transgênica, somaram 482.740 quilos e litros, ou seja, 42%.