O trigo é um dos poucos itens que podem ser realmente prejudicados pelas sobretaxas à importação de produtos americanos. As medidas são uma retaliação contra os Estados Unidos por não reduzirem os subsídios ao algodão condenados pela Organização Mundial do Comércio. Nos demais setores da lista divulgada ontem pelo governo brasileiro – como carros, têxtil e eletrônicos -, o impacto é considerado “reduzido”, “simbólico” ou até “inócuo”.
“Não há dúvida que vai significar trigo mais caro e aumento do preço do pãozinho, principalmente no Nordeste”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Luiz Martins. A tarifa de importação do trigo americano deve subir de 10% para 30%. Entre os produtos atingidos, o trigo foi o mais importado em 2009, com US$ 318 milhões.
Nas contas dos moinhos, o Brasil vai precisar de trigo americano para atender ao consumo interno de 10,5 milhões de toneladas. Martins conta que a safra brasileira foi de má qualidade e ficou em 4,5 milhões de toneladas. A Argentina teve a menor safra dos últimos 30 anos, e o excedente exportável foi de 1,5 milhão de toneladas.
Isso significa que mais de 4 milhões de toneladas este ano viriam dos EUA ou do Canadá. E o trigo canadense é mais caro. Martins explica que o prejuízo é maior para os moinhos do Nordeste, que importam mais da América do Norte pela proximidade geográfica.