Está sobrando emprego em Curitiba e região. Nas Agências do Trabalhador, cerca de metade das vagas oferecidas não é preenchida. Na maioria, são postos de trabalho no comércio e na indústria, alguns com boa remuneração. Segundo dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), a região metropolitana tem a menor taxa de desemprego do Brasil, de 4,5% da população economicamente ativa. Isso equivale a cerca de 76 mil pessoas procurando emprego. O número não inclui quem está desempregado e não procura trabalho há mais de um mês.
Com pouca gente atrás de uma vaga, os empresários têm dificuldades para preencher os postos de trabalho disponíveis. “Existe carência grande de pessoal. Principalmente as vagas técnicas são muito difíceis de preencher, principalmente pela falta de qualificação”, diz Maristela Rodrigues, analista de recrutamento e seleção da ORH, empresa de consultoria em recursos humanos.
Atualmente, existem 9.139 postos de trabalho disponíveis nas agências da região metropolitana. A indústria é um dos setores de economia que mais oferecem vagas. Só para a função de auxiliar de produção, são 1.273 oportunidades de emprego abertas.
Rotatividade
Em São José dos Pinhais, ontem estavam disponíveis 636 vagas. “Temos cerca de mil vagas todos os meses, 40% delas na indústria. Em média, 450 a 500 pessoas são colocadas todos os meses”, diz a gerente da Agência do Trabalhador local, Silmara Claudino.
Só na agência de São José, a ORH oferece cerca de 80 vagas todos os meses. A falta de qualificação e a alta rotatividade dos trabalhadores são apontadas como as principais dificuldades para contratação. “Se eu selecionar 80 pessoas, em uma semana metade desiste. O mercado está muito aquecido e as pessoas trocam de emprego por diferença de R$ 50 no salário”, conta Maristela.
Culpa dos empresários
Para Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a culpa pelo problema é em parte dos próprios empresários. “A falta de qualificação é relativa. As empresas com mais dificuldade para contratar são as que pagam salários baixos. Isso só vai melhorar quando os empresários investirem mais em formação e boas condições de trabalho”, analisa.