No mundo dos negócios, a tecnologia nem sempre anda de mãos dadas com altas cifras de faturamento. Prova disso são as empresas incubadas, que encerraram o ano passado com faturamento de R$ 1,5 bilhão e devem fechar 2005 com cifras de R$ 1,8 bilhão. ?Pode até parecer que houve um crescimento, mas a questão é que este ano o número de empresas também aumentou?, ponderou o presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), José Eduardo Fiates. Segundo ele, o ideal seria chegar a R$ 5 bilhões de faturamento por ano.

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Fiates está em Curitiba participando do XV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, que acontece até a próxima sexta-feira no Estação Embratel Convention Center. De acordo com levantamento da Anprotec, há hoje no Brasil cerca de 6 mil empresas, entre incubadas e graduadas. ?Dividindo o faturamento total pelo número de empresas, o resultado é de R$ 300 mil por ano por empresa. Considerando que são cerca de 30 mil pessoas envolvidas, o faturamento por pessoa é de R$ 10 mil por ano, um valor muito baixo?, afirmou. Segundo Fiates, o faturamento individual deveria ser quase dez vezes maior. ?Um valor razoável é de R$ 100 mil por ano por funcionário. Isso significa que ainda há espaço para se trabalhar.?

Segundo Fiates, as empresas incubadas têm tecnologia para competir, mas falta prática de mercado. ?Os jovens têm idéias, são inovadores, mas não têm conhecimento da vida, não sabem fazer um bom contrato. E no mercado, são fatores essenciais o relacionamento, a credibilidade e até ter cabelo branco?, ironizou Fiates. Outra dificuldade, segundo ele, é a falta de domínio de uma língua estrangeira, especialmente o inglês. ?Não temos uma tradição comercial, mercantilista, especialmente no mercado externo?, lamentou.

Sobrevivência

Se falta tino comercial aos empreendedores que se formam nas incubadoras, por outro lado as empresas têm muito o que comemorar: a taxa de sobrevivência entre as empresas graduadas (que já passaram pelo processo de incubação de aproximadamente três anos) varia entre 88% e 90%. No ano passado, o índice variava entre 85% e 90%. A título de comparação, levantamento do Serviço de Apoio à Pequena Empresa (Sebrae) aponta que 50% das empresas não sobrevivem aos dois primeiros anos de vida e 60% não passam do terceiro ano. ?Isso significa uma perda financeira de quase R$ 6 bilhões ao ano?, apontou Fiates. O cálculo é feito com base em empréstimos realizados, carros vendidos, patrimônios perdidos, uso do FGTS, entre outros. ?Não é só a perda financeira. Há também o impacto social, que deixa mais cicatrizes do que a questão financeira?, analisou o diretor do Sebrae Nacional, Paulo Alvim.

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No caso do insucesso das micro e pequenas empresas que fazem parte do levantamento do Sebrae, um dos fatores é a abertura de um empreendimento por necessidade e não por oportunidade. ?A proporção é de 60% por necessidade e 40% por oportunidade. A boa notícia é que esse cenário vem se modificando?, apontou Paulo Alvim.

Já no caso das empresas incubadas, a situação é outra: a maioria abre a partir de uma boa idéia, algo inovador. E não se lançam no mercado antes de estarem muito bem preparadas. ?As empresas incubadas nascem com uma lógica de inovação, colocam no mercado produtos diferenciados. Por isso, a taxa de sobrevivência é bem superior às demais?, arrematou Fiates. (Lyrian Saiki) 

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