A elevação do rating do Brasil para Baa3 concedido nesta tarde pela Moody’s Investor Service está atrasado em dois anos e, por isso, não deverá surtir o mesmo efeito do primeiro upgrade. Mas nem por isso deixa de ser mais um selo de qualidade conferido à economia brasileira por uma instituição de muita credibilidade. A avaliação é do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, para quem o novo status da economia contribuirá ainda mais para o fluxo de investimentos estrangeiros para o País. “Se você está querendo comprar um carro e lê uma reportagem falando bem desse carro, você já se sente animado. Se uma segunda e uma terceira reportagem confirmar a primeira, se você está inclinado a comprar o veículo, você vai e compra”, compara o presidente da Sobeet, acrescentando que o Brasil, que já vem sendo um dos principais destinos de investimentos no mundo, agora confirmará a sua condição de preferência.
Sobre a nota que justifica a decisão da Moody’s em elevar o rating do Brasil, Lima disse ter achado interessante como a agência encadeou seus motivos. “Primeiro porque o interesse dos estrangeiros em investir no Brasil, conforme menciona a nota, vem ao encontro ao que estamos falando já há algum tempo”, explica o presidente da Sobeet. De acordo com ele, o Brasil está correndo a passos largos no ranking dos países vistos como as melhores regiões no planeta para acomodar os investimentos estrangeiros diretos. O Brasil, que segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), braço das Nações Unidas, saltou no ano passado da 14ª posição para a 10ª na preferência dos investidores estrangeiros, até 2011 deverá chegar a 4ª posição. “E o upgrade da Moody’s confirma isso”, comemora Lima.
O fato, reforça o presidente da Sobeet, é que o Brasil saiu mais rápido da crise econômica que afetou todas as economias do mundo. Em termos relativos, conta Lima, o Brasil está muito melhor que os demais países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), e até mesmo melhor que as economias de países desenvolvidos. Ele lembra que a Rússia se saiu muito mal da crise e a China também contabilizou muitos prejuízos. E diante desse quadro, avalia o presidente da Sobeet, o Brasil é o país em melhores condições quando olhado pela perspectiva de potencial crescimento. Ele recorre a números do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ilustrar a sua tese. Segundo o fundo, neste ano, enquanto o mundo registrará uma queda econômica de 1,4%, a economia brasileira apresentará uma taxa zero de crescimento. Para o ano que vem, a previsão do FMI é de um crescimento mundial de 2,5% e para o Brasil, de 4%. “O gap é favorável ao Brasil e vai aumentando”, ressalta Lima.
Em termos absolutos, no entanto, a situação ainda não está bem e a nota Moody’s deixa isso claro, salienta o presidente da Sobeet. Ele vê na nota uma espécie de acionamento de uma luz amarela. “Não estamos tão bem assim porque a questão fiscal piorou. O Brasil, para sair mais rápido da crise, elevou ainda mais a sua dívida na proporção do PIB e alguns investimentos ainda não estão sendo realizados”, lembra Lima. Para ele, o governo tem gastado mais em custeio da máquina que no investimentos em infraestrutura, por exemplo. “Na questão fiscal, segundo a Moody’s, ainda existem problemas, mas são menos desafiadores que em outros países. É um sinal amarelo”, diz Lima.
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