O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne esta semana sob forte pressão para que o Banco Central ceda e reduza a taxa de juros, um cenário pouco provável. A tendência é de manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, embora setores do governo afirmem que não há risco iminente de pressão inflacionária. Com um cenário externo adverso, recessão no mundo e desaceleração da economia brasileira, a preocupação não está localizada, apenas, na Selic, mas na escalada do spread bancário, a elevada margem que os bancos cobram nos empréstimos.
Embora a discussão sobre o tamanho da Selic esteja intensa nos bastidores do governo, as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos juros elevados estão relacionadas, principalmente, às taxas praticadas no mercado. Lula está especialmente irritado com a escalada do spread bancário. Assim, quando ele ataca os juros está mirando o que considera a incompreensível posição dos bancos que, mesmo depois da devolução dos compulsórios recolhidos ao Banco Central, não garantem uma maior oferta de crédito a um custo mais baixo.
Spread
O spread médio cobrado pelos bancos estava em 26,2 pontos porcentuais em agosto e deu um salto. O dado preliminar de novembro mostra que a margem cobrada pelos bancos passou para 30,5 pontos nos empréstimos concedidos às pessoas físicas e jurídicas. Esse dado é o mais alto desde setembro de 2003, quando estava em 30,6 pontos.
As instituições financeiras argumentam que essa alta decorre do aumento de risco relacionado aos empréstimos. Por isso, com medo de um eventual calote, os bancos oneram o custo do dinheiro aos seus clientes. A posição de maior cautela e a defesa da tese de que é possível esperar um pouco mais para definir se a Selic deve mesmo ser reduzida considera, também, o comportamento da taxa de câmbio.
Indústria
Apesar de a produção industrial ter recuado em outubro, existe a suspeita de que em novembro a situação não foi tão ruim. Isso será checado pela diretoria do BC. As informações mais recentes ainda mostram uma economia correndo em ritmo intenso: a massa salarial cresce 8,5%, o crédito se recupera e as vendas estão em alta no comércio varejista.
Em relação ao emprego, os dados de outubro mostram desaceleração de 0,2%. No entanto, até novembro foi batido o recorde de 2,1 milhões de novos empregos formais. O dado bom é a queda do IPCA, que ficou em 0,36% em novembro ante 0,45% em outubro, pela perspectiva de evidenciar uma tendência de desaceleração da inflação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.