Só vontade política não vai derrubar os juros

Brasília

  – Antônio Palocci, coordenador da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que uma queda das taxas de juros não pode ser fruto de uma simples vontade política. Ele afirmou que o futuro governo deverá manter a política de juros altos para conter a inflação até que haja uma situação favorável para a redução. Palocci defendeu que o atual e o próximo governo evitem reajustes nas tarifas públicas para evitar novos repiques de inflação.

– É lógico que todo o Brasil, em particular o Brasil consumidor, o Brasil produtivo, deseja a queda de juros. Mas não se trata de uma decisão política, pois é preciso criar condições para que isso ocorra.

Palocci reafirmou que o controle da inflação será a grande prioridade de Lula. Ao comentar a recente alta da inflação, ele destacou que não haverá mágicas para segurar a cotação do dólar ou os preços:

? Não haverá pacotes. Confiamos na força do país e na retomada da confiança dos investidores quando o governo eleito estiver estabelecido. Por isso, estamos otimistas.

Ele discutiu o assunto com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, e disse que é preciso conter ao máximo os preços públicos e administrados, como combustíveis e energia elétrica.

Com relação à possibilidade de os combustíveis ficarem mais caros nos próximos dias, Palocci afirmou ter ouvido do presidente da Petrobras, Francisco Gros, que não há previsão de novo reajuste.

Sobre a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na próxima semana, Palocci disse que a equipe de transição não vai interferir na decisão sobre a taxa Selic. E acrescentou que o Copom tem de ter decisões criteriosas e técnicas.

Os atuais instrumentos utilizados pelo governo serão mantidos, pelo menos num primeiro momento, quando Lula tomar posse.

– Todo o Brasil deseja uma taxa de juros menor, assim como deseja não ter uma dívida pública tão grande. Continuamos afirmando que é bom para a economia que possamos baixar as taxas de juros, mas isso não será feito com voluntarismo, sem entender que é preciso criar condições para que o resultado da redução da taxa de juros seja a melhoria econômica, e não a conturbação do quadro econômico.

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