O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse a empresários, ontem, que não existe ?solução mágica? para a economia brasileira e que a redução de juros sozinha não é capaz de resolver os problemas da economia do País. Meirelles evitou comentar se a queda dos preços pelo quarto mês consecutivo no IGP-M já representa um período consistente de estabilidade, embora tenha mencionado em seu discurso que não existe escolha entre estabilidade de preços e crescimento.
O presidente do BC teceu elogios à palestra de Kenneth Rogoff, especialista em política monetária de Harvard, que defendeu a autonomia do BC e a maior liberalização do comércio nacional.
?São mensagens importantes para ver que não é uma solução fácil, que bastaria baixar a taxa de juros e tudo seria mais fácil, não é não. Não há solução mágica, temos que persistir, trabalhar, fazer reformas fundamentais, abrir a economia e ter uma inflação convergindo para as metas de forma consistente, com redução da relação dívida/PIB. Assim o Brasil vai aumentando sua taxa de crescimento e reduzindo a taxa de juros?, disse.
O presidente do BC enfatizou que a economia tem respondido de forma positiva à crise política. Segundo Meirelles, enquanto houver sinais de que a política monetária e fiscal será mantida, a economia continuará isolada do ambiente de turbulência política.
Meirelles evitou fazer previsões para o crescimento da economia. O PIB do segundo trimestre será divulgado hoje. Apesar disso, citou como sinal de aquecimento da economia o comportamento da produção industrial.
?Os dados da produção industrial foram muito encorajadores, tivemos crescimento muito forte da produção em maio, o que sinaliza taxas anualizadas de crescimento da produção industrial das mais elevadas do mundo, é um sinal indicativo de vigor da economia?, afirmou. A previsão do BC para o ano é de crescimento da ordem de 3,4%.
Rogoff
Meirelles destacou que o Brasil precisa liberalizar o comércio e citou trechos da palestra do especialista de Harvard. Segundo Rogoff, apenas 30% dos itens exportados pela China são integralmente produzidos no país.
De acordo com o especialista, as barreiras que vigoram no Brasil impedem o País de participar da cadeia mundial de suprimentos.
Para Rogoff, a autonomia do BC daria mais credibilidade ao País, principalmente porque o mercado sabe que o tema foi debatido mas que, na prática, nada foi feito.
O presidente do BC participou ontem do 6.º Seminário de Metas para a Inflação, no Rio de Janeiro.