São Paulo – A presidente da Standard & Poors no Brasil, Regina Nunes, disse ontem ser equivocada a avaliação de que a queda da Selic (taxa básica de juros, atualmente em 12,75% ao ano) é uma das condições necessárias para que o Brasil gere crescimento. ?Querer que a taxa caia porque o Brasil não cresceu, e por isso é preciso reduzir a Selic, é uma brincadeira de mau gosto. Juros não caem sob decreto?, afirmou, durante participação no seminário ?A Conquista do Grau de Investimento para o Brasil: Desafios e Conseqüências?, realizado pela Casa Brasil, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Segundo ela, o conjunto da sociedade brasileira deve considerar que a formação da taxa Selic depende da necessidade do governo para rolar a dívida pública existente; ter liquidez, caso precise promover captações; dê previsibilidade para o tamanho da máquina pública no futuro; e controle da inflação. ?A dívida do Brasil e os gastos públicos não mudam nada se a Selic cair. O meu problema (para estabelecer classificação de risco) não é a Selic, mas a capacidade de operação no Brasil?, acrescentou, explicando que os maiores entraves estão no tamanho da máquina pública e no tipo de gasto inadequado feito pelo governo. ?O custo do Brasil para o trabalhador, de 39% de carga tributária sobre o PIB, é inaceitável, além de termos uma burocracia absurda?, analisou.
Ela também rejeitou a análise de que a queda da Selic promoverá desvalorização cambial e que isso resultaria em ganhos de competitividade para as exportações brasileiras. ?Chegamos a ter um câmbio de R$ 4 e não exportávamos nada. A Coteminas consegue vender hoje uma camisa mais barata do que a produzida na China?, avaliou, ao destacar que mesmo em setores sensíveis, como os têxteis, o Brasil tem competitividade.
Para ela, mais do que pensar em intervir no câmbio, o Brasil deveria abrir mais a economia às importações. ?Por que não se discute abrir mais o mercado para as importações? Garanto que o câmbio sobe muito mais rápido se isso for feito?, opinou.