Pela lei, o recall é feito quando um defeito identificado no carro coloca em risco a segurança dos usuários. Ainda assim, o índice de atendimento aos chamados no Brasil é de 50%, em média. Dados do Procon-SP mostram que, dos 7,473 milhões de veículos que passaram por recall de 2002 até agora, apenas metade, ou 3,806 milhões, foi levada às concessionárias para o conserto gratuito.
Mesmo casos de grande repercussão, como o recall para conserto do sistema de rebatimento do banco traseiro do Volkswagen Fox, em 2008, tiveram baixa adesão. Segundo o Procon, apenas 32,8% dos donos dos 511,5 mil Fox convocados atenderam ao recall. Foram relatados oito casos de pessoas que tiveram parte dos dedos decepados por causa do defeito.
Já o atendimento ao recall do Fiat Stilo em 2010, que envolveu 52,4 mil carros, teve retorno acima da média, de 58%, segundo o Procon, e de 62%, segundo a Fiat. A montadora não reconhece o problema, mas fez o recall por determinação do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), que analisou cerca de 30 relatos de acidentes, alguns com vítimas fatais, após as rodas traseiras se soltarem.
Pela demora em realizar o recall, a Fiat foi multada em R$ 3,2 milhões e teve de fazer um filme sobre a importância de atender aos chamados, atualmente disponível no site do DPDC e dos demais órgãos de defesa dos consumidores.
Segundo Francisco Satkunas, da SAE Brasil, o nível de comparecimento nos EUA também é inferior a 60%. Em sua opinião, o recall é algo odioso para a montadora, pois representa custos extras e desgaste da marca. Para a concessionária é bom, porque gera receita adicional pelos consertos.
“Já para o consumidor é um tremendo inconveniente, o que explica a baixa adesão, pois ele não quer perder tempo”, diz Satkunas. Quando o carro está na garantia, o retorno é maior, pois o proprietário aproveita a revisão para fazer o conserto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.