A situação energética brasileira é complicada a curto prazo devido a dois motivos básicos. O primeiro é a estiagem, verificada após um período de longas chuvas. ?Como a base da produção de energia elétrica brasileira é hidráulica, quando falta chuva também falta eletricidade?, comenta o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Adilson Oliveira, que esteve ontem em Curitiba participando do seminário ?Energia e Estado?, que integra a série ?Debates do Brasil?, realizada no Museu Oscar Niemeyer (MON).
O segundo motivo é referente às dificuldades enfrentadas pelo Brasil na área de gás natural. A energia elétrica pode ser substituída pela térmica produzida através do gás. Entretanto, ao contrário do que havia sido previsto no passado, não está havendo aumento das importações de gás da Bolívia.
?Além disso, o sistema elétrico brasileiro é pouco amigável ao uso do gás natural, remunerando os investimentos abaixo dos custos. Por isso, para abastecer o mercado, o produtor de gás deve aceitar ter prejuízo ou repassar este prejuízo a outros agentes da sociedade, o que não é considerado viável. Se não equacionarmos este problema, sempre que não houver chuva vai faltar energia?, afirma Adilson.
Quanto à situação energética brasileira ser favorável a longo prazo, Adilson diz que isso se deve às reservas de petróleo descobertas recentemente e ao fato de haver, em território nacional, grande potencial hidrelétrico, embora o mesmo necessite de conservação. ?Também existem as energias alternativas, como por exemplo a solar. Embora elas não resolvam os problemas, são interessantes e podem ser utilizadas de forma complementar, ajudando o sistema.?