Nenhum site vende tanto na internet brasileira quanto o chinês AliExpress, parte do gigante Alibaba. Segundo o Ibope E-Commerce, a empresa é líder em unidades vendidas no País, com 11 milhões de pedidos entre julho e setembro, bem à frente das 7,2 milhões de unidades do segundo colocado, o grupo B2W, que reúne as marcas Americanas.com e Submarino.

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A liderança em pedidos ainda está longe de se traduzir na dianteira que mais importa – em receita – porque o valor médio das compras no AliExpress é de R$ 33, cerca de um décimo da compra média feita na internet brasileira. Mesmo assim, o Ibope E-Commerce estima que o faturamento do AliExpress tenha sido de R$ 330 milhões no terceiro trimestre. Se continuar no mesmo ritmo em 2015, terá faturamento bem acima de R$ 1 bilhão em território brasileiro.

Segundo o presidente do instituto, Alexandre Crivellaro, a expansão dos sites chineses no País se intensificou em 2014. Desde janeiro, a audiência do AliExpress mais do que dobrou no País. Segundo o jornal o Estado de S. Paulo apurou, o investimento em mídia da empresa não chega a US$ 300 mil por mês – sites locais de grande porte investem, com facilidade, dez vezes mais.

“É um fenômeno do boca a boca”, diz Crivellaro, explicando a emergência do site chinês. Segundo ele, embora a empresa não tenha atendimento telefônico em português e as mercadorias muitas vezes demorem meses para chegar, a política de trocas do Alibaba garante a devolução do dinheiro caso o cliente afirme não ter recebido o produto – sem perguntas.

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Embora a política de importações do Brasil seja considerada restritiva, clientes de sites chineses ouvidos pelo Estado afirmam que raramente pagam impostos sobre os pedidos feitos. Isso ocorre, segundo fontes do setor de e-commerce, porque o Alibaba envia parte dos pacotes como encomendas de pessoas físicas e também “fraciona” pedidos, já que o site é um “marketplace” que reúne diferentes vendedores – por isso, uma só compra pode ter vários fornecedores.

Competição

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Embora os sites chineses sejam normalmente ligados a “quinquilharias tecnológicas” – cabos de alimentação de energia, capinhas para celular, adaptadores -, este não é o “carro-chefe” do AliExpress no País. Quase dois terços das compras de brasileiros no site se concentram em moda e acessórios. As mulheres, aliás, concentram 60% dos pedidos de brasileiros no site.

Esse dado põe o AliExpress em rota de colisão com as líderes do e-commerce de moda no País, Netshoes e Dafiti. Para Philipp Povel, presidente da Dafiti, o AliExpress é um concorrente que a empresa não pode combater em pé de igualdade. “Trabalho com fornecedores brasileiros, tenho equipe de 1,8 mil pessoas e pago impostos”, diz o executivo. “Sou muito a favor da abertura de mercado. Mas, nesse caso, acho assimétrico.”

Procurada pela reportagem para falar sobre a tributação aos produtos vindos da China, a Receita Federal informou apenas que existe um sistema em desenvolvimento, parte de um acordo com o Alibaba, para agilizar as entregas. “Essa simplificação ocorrerá em função da análise prévia das informações, bem como da tributação automática das encomendas.” O Alibaba não respondeu ao pedido de entrevista da reportagem.

Já os Correios afirmaram que, por enquanto, não há tratamento especial para as encomendas do Alibaba, embora isso possa mudar no futuro. A empresa afirma ainda que, desde 2009, o volume de encomendas de pequeno porte da China vem aumentando 100% ao ano.

Segundo Pedro Guasti, diretor executivo da ebit, empresa que reúne informações do setor de e-commerce, a definição de uma política de tributação para as compras em sites internacionais é necessária, uma vez que um terço dos clientes do e-commerce nacional já comprou em sites de fora. Segundo a ebit, os brasileiros gastaram US$ 5 bilhões em sites internacionais em 2013, sobretudo na China. Neste ano, o e-commerce nacional deverá movimentar R$ 35 bilhões, segundo a empresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.