Sindicom prevê alta de 2% no preço do diesel em 2011

O preço do óleo diesel poderá ficar pelo menos 2% mais caro em 2011, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom). O aumento deverá refletir uma elevação do preço do biodiesel no último leilão realizado em novembro deste ano pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), na casa dos R$ 2,30, sem tributos. No leilão anterior, o preço médio do biodiesel havia ficado em R$ 1,74.

De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), os postos revendedores em todo o Brasil têm sido avisados pelas companhias distribuidoras sobre o aumento do preço a partir de janeiro.

Segundo o vice-presidente executivo do Sindicom, Alisio Vaz, o aumento deve representar algo entre R$ 0,02 a R$ 0,03 centavos a mais por litro do diesel. Hoje, o óleo diesel puro, sem impostos, sai a R$ 1,13 na refinaria, mais do que a metade do preço do biodiesel.

Adicionado na proporção de 5% do litro de diesel, o biodiesel também chamado de B5 é produzido em usinas autorizadas pela ANP e adquirido, via leilão, pela Petrobrás. Estas, por sua vez, revendem o produto às distribuidoras, que são responsáveis por buscar o biocombustível nas usinas, misturá-lo com o diesel e depois revender aos postos. É vedada a comercialização direta entre usina e posto.

“É importante lembrar que essa conta assume apenas o maior custo do biodiesel na usina. Ou seja, não inclui os preços de frete da distribuidora, nem margens de distribuição e revenda”, explica Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis. Para ele, o repasse para o consumidor pode ficar ainda maior. “Hoje, apesar de a região Sudeste ser a principal consumidora de diesel, concentra apenas 18% da produção de biodiesel”, afirmou.

De acordo com dados do Sindicom e das usinas, até as bases de distribuição, o caminhão-tanque com biodiesel percorre quase mil quilômetros, em média, o que certamente também impacta no preço final. Ele lembra ainda que mais de 60% do transporte de cargas no Brasil ocorre pelo modal rodoviário e, portanto, qualquer alteração no custo do diesel tem impacto direto nos preços dos produtos finais.

Fora o repasse do aumento do custo do biodiesel, o preço do diesel nas refinarias, que permaneceu intacto este ano, pode também sofrer pressão em 2011. Especialistas apostam nesta pressão por mudanças no ano que vem, diante da alta dos preços do petróleo no mercado internacional.

Atualmente, o diesel e a gasolina vendidos no Brasil custam o equivalente às cotações norte-americanas dos produtos, usadas como referências pela Petrobrás. Desde o estouro da crise financeira internacional, a estatal vendia diesel e gasolina mais caros no mercado interno, período no qual recuperou as perdas acumuladas por vender combustíveis com defasagem durante os tempos de petróleo acima de US$ 100 por barril.

Analistas consultados pela Agência Estado esperam que as cotações internacionais se mantenham em alta no ano que vem, em um patamar entre US$ 85 e US$ 90 por barril. “O cenário vai depender da recuperação da economia americana e, consequentemente, do dólar. Se o dólar se valorizar, o preço do petróleo cai”, analisa o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), lembrando que os contratos de petróleo são uma alternativa de investimento em tempos de dólar baixo.

Embora os preços dos principais combustíveis estejam estáveis, a alta das cotações do petróleo vem provocando impacto em outros setores consumidores de derivados de petróleo. O preço do querosene de aviação, por exemplo, vem subindo há dois meses consecutivos, com reajustes de 3,63% em novembro e 3,85% em dezembro. No ano, o produto acumula alta de 13,55%.

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