Brasília (ABr)- O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindprev) está convencido de que o novo horário de atendimento das agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), implantado nesta segunda-feira, 16, não irá beneficiar os segurados. Pelo contrário. Na avaliação de uma das diretoras do sindicato, Neli Braga, devido ao quadro reduzido de servidores, o tempo para a liberação de benefícios passará de 15 a 20 dias para alguns meses.
De acordo com ela, a ampliação do horário de atendimento em quatro horas obriga os funcionários do INSS a passar mais tempo em contato com o público do que nas atividades de encaminhamento processual, feito internamente. Assim, os pedidos são recebidos, mas a resposta ou solução para eles demoram mais. Pelas contas do Sindprev, o déficit de servidores no INSS seria de 20 mil funcionários atualmente.
?Por conta das demissões voluntárias e aposentadorias, houve uma redução grande no quadro de funcionários do INSS. Com a abertura das agências de 8 às 18h, não haverá condições para prestarmos o atendimento que o segurado espera?, afirmou Neli Braga. ?Não somos contra a abertura dos postos durante o dia inteiro. Mas para isso é preciso aumentar o número de funcionários. Sem aumento de salário, a carga horária dos servidores deve ser mantida em 30 horas.?
Os sindicatos em todos o País estão se organizando para votar, até sexta-feira (20), o indicativo de greve a favor da manutenção da carga horária de trabalho de 30 horas semanais, estabelecida desde 1984. Se o indicativo for aprovado nas assembléias estaduais, os servidores do INSS paralisarão as atividades por 48 horas nos dias 24 e 25 deste mês.
O Sindprev propõe que o governo chame cerca de 16 mil candidatos aprovados no último concurso público do INSS, realizado em janeiro de 2004. ?O governo tem a responsabilidade com a população que paga por um seguro?, lembra Neli Braga. ?Se nós queremos que a população receba um atendimento de qualidade é necessária a realização de concurso público, que nós tenhamos equipamentos de qualidade e um sistema informatizado que não fique caindo na hora do atendimento.?
Continua baixa a resposta ao recadastramento
O Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical informou que o baixo índice de resposta ao recadastramento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) sinaliza a ocorrência de fraudes na concessão de benefícios. Dos 973 mil convocados na primeira fase do Censo Previdenciário, somente 53,3% (519 mil) atualizaram seus dados. Os 454 mil que ainda não participaram do Censo Previdenciário correm o risco de terem o benefício cortado se não atualizarem seus dados até meados de fevereiro.
?Muitas pessoas que não compareceram (ao recadastramento) é porque já morreram e seus benefícios estão sendo pagos indevidamente?, disse o presidente do sindicato, João Batista Inocentini. No entanto, o índice de comparecimento está acima das projeções de fraude feitas pela Previdência, que era da ordem de 10%. ?Acreditamos que 15% dos benefícios concedidos sejam fraudulentos.?
O presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), Benedito Marcílio Alves da Silva, não concorda com essa avaliação. ?Acredito que o aposentado deixará para fazer o recadastramento na última hora. Esse é o costume do brasileiro?, afirmou ele.
Silva, entretanto, se surpreendeu com o baixo índice de resposta ao recadastramento. ?Não esperava que a resposta fosse tão baixa.?
A partir de hoje, os segurados da Previdência Social serão convocados mais uma vez. A Previdência informou que 296.682 receberão cartas registradas e 157.903 serão comunicadas por meio de edital.
As cartas já começaram a ser enviadas para os segurados que possuem endereço correto nos sistemas da Previdência. A publicação de edital ocorrerá apenas para aqueles que receberem a carta.