O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) disse, por meio de nota divulgada nesta segunda-feira, 23, que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deveria rever seus pontos de vista sobre a missão da autoridade monetária. Na avaliação do sindicato, Meirelles deu recados de que a prioridade do BC deve ser com a política cambial e a política econômica. “Para o Sinal, o ministro da Fazenda deveria rever seus pontos de vista em relação à missão do Banco Central e fortalecer a autoridade monetária no sentido de servir a sociedade, não o mercado financeiro”, afirma.
“O Sinal lembra o ministro que as atribuições da autoridade monetária vão além de cuidar da saúde financeira dos bancos. O BC é também responsável pela supervisão do sistema financeiro, obrigação que tem sido deixada de lado”, continua. Segundo a entidade, por causa dos cortes de custeio do órgão, mais da metade do programa de fiscalização bancária foi suspensa.
De acordo com o Sinal, a fiscalização deficiente do BC permitiu que recursos volumosos descobertos pela Lava Jato passassem pelos bancos comerciais sem que a autoridade monetária notasse. “Somente por meio do trabalho de supervisão é possível detectar operações financeiras atípicas oriundas do crime organizado e da corrupção”, diz.
A nota cita ainda como outro exemplo de implicação por falta de supervisão o uso de casas de câmbio por traficantes para comprar drogas na Bolívia e no Paraguai. “Segundo investigação do Ministério Público Estadual de São Paulo, o PCC, por ainda não estar familiarizado com a lavagem de dinheiro por meio de offshores, prefere operar com dinheiro vivo e usa esse método para seus negócios ilícitos.”