O Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba (SMC) informou que deve acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT) para discutir os motivos das demissões das últimas semanas com representantes da classe patronal do setor, ao mesmo tempo em que vai rejeitar a homologação das rescisões que chegaram à entidade.

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De acordo com a direção do sindicato, as medidas foram decididas depois que, na última semana, centenas de metalúrgicos foram demitidos de grandes metalúrgicas e montadoras do ramo automotivo em Curitiba e Região Metropolitana (RMC).

Ontem pela manhã, cerca de 2 mil metalúrgicos fizeram uma manifestação em protesto pelas demissões em frente às instalações da montadora Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Só na última semana, Bosch e Volvo – duas das maiores empresas do setor no Paraná – demitiram mais de 600 trabalhadores. Desde o início do ano, segundo o SMC, foram demitidos 800 metalúrgicos.

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Entre as razões das demissões, as montadoras apontam o desaquecimento das vendas internas, a queda na demanda no mercado da indústria automobilística internacional, nesse último trimestre, além do aumento de fatores restritivos para a liberação do crédito para financiamento para os consumidores.

De acordo com o SMC, o objetivo da mobilização pela mediação do MPT é pressionar as montadoras para frear as demissões. “Chamaremos, via Ministério Público, todas as montadoras que demitiram, para que não tenhamos uma nova onda de demissões sem termos a opção de discussão”, afirma o presidente do SMC, Sérgio Butka.

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Segundo Butka, algumas empresas estariam se aproveitando do momento turbulento na economia internacional para justificar as demissões, mesmo depois de um lucrativo período.

Além disso, o presidente do SMC acusa montadoras de desrespeitar cláusulas acordadas em convenções coletivas. De acordo com Butka, uma dessas cláusulas deveria assegurar uma estabilidade por um período de 30 dias ao trabalhador, para o qual foi concedida férias coletivas. “Embora não seja ilegal, entendemos que demitir o trabalhador nessa situação é imoral.”

De acordo com o economista do Dieese, Cid Cordeiro, todos os setores da cadeia produtiva apresentaram crescimento de admissões em outubro. “Houve um crescimento menor em outubro nestes setores, porém houve crescimento. Não queremos afirmar que não há crise. Ela existe sim. Mas não dá para dizer que alterou o mercado de forma que a única solução seja a demissão. O que houve foi uma desaceleração”, afirmou.

Com os dados do Dieese, o presidente do SMC é taxativo quanto à novas e eventuais demissões. “O sindicato não fará mais assinaturas de rescisões sem uma discussão prévia. Não seremos apenas homologadores de demissões a partir de agora”, afirmou Butka.