Enquanto, em São Paulo, acordos no setor metalúrgico que preveem redução de jornada de trabalho e de salários começam a ficar comuns e chegam a ser defendidos por entidades como a Força Sindical – que já fechou acordos que envolvem cerca de 5,8 mil trabalhadores -, no Paraná a possibilidade de medidas semelhantes serem aceitas pelo sindicato da categoria continua remota. Por enquanto, os acordos têm envolvido principalmente a suspensão temporária do contrato de trabalho, e envolvem cerca de 1,5 mil empregados.

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A suspensão do contrato de trabalho já foi adotada, no Paraná, em quatro empresas da categoria. O último acordo foi feito na Yazaki, na terça-feira (3), onde cerca de 400 metalúrgicos ficarão afastados por cinco meses e terão estabilidade pelo mesmo período, depois que voltarem ao trabalho. Os salários serão pagos normalmente, sendo uma parte paga pela empresa e outra com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) também já fechou acordos semelhantes na Renault, em São José dos Pinhais, onde são cerca de mil os empregados com contratos suspensos, desde o dia 5 de janeiro.

Na Maflow, sediada na Cidade Industrial de Curitiba, o acordo envolve 123 funcionários, e na Alusur (São José dos Pinhais), são 18 empregados. Em ambas, os acordos foram feitos em 26 de janeiro, e seguem os mesmos termos dos realizados com a Renault e a Yazaki.

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Ao contrário dos sindicatos de São Paulo, que têm aceitado propostas de redução de jornada de trabalho e de salários, o SMC vem se posicionando contra a medida. O presidente do SMC, Sérgio Butka, já declarou que considera tais propostas um retrocesso, e criticou os sindicatos que estão as aceitando.

Ao mesmo tempo, o sindicato já sinalizou que qualquer tentativa de flexibilização dos direitos dos trabalhadores será aceita apenas em último caso, e que as empresas terão que comprovar que estão “mal das pernas” para que um acordo possa ser feito. A posição é semelhante ao do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que por sua vez já fechou acordos de redução de salários e jornadas de trabalho este ano.

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Bosch

As negociações entre o SMC e a Bosch, que desde a última semana passaram a ser intermediadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), devem ter novos desdobramentos apenas daqui a duas semanas. No dia 19, deverá acontecer uma nova reunião entre as partes, que discutem uma proposta da empresa para a redução de salários e de jornada de trabalho em 20%.

Na última reunião realizada no MPT, na segunda-feira (2), a Bosch se comprometeu a divulgar seu balanço financeiro ao sindicato até a próxima quarta-feira (11). A medida foi acordada porque o sindicato quer que a empresa prove a necessidade das medidas que pretende adotar.

Na semana passada, quando o sindicato protocolou o pedido de providências no MPT, a Bosch alegou que as ações eram necessárias para a empresa enfrentar a atual crise de produção.