A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos (Conttmaf) está acusando a Transpetro, subsidiária da Petrobras, de reduzir o número de tripulantes em suas embarcações, o que eleva o risco da operação. Desde dezembro, a Conttmaf diz ter encaminhado ofícios à Diretoria de Portos e Costa (DPC) da Marinha para alertar sobre os riscos da prática adotada por empresas na área de offshore.

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Um dos maiores riscos, de acordo com a entidade, é a fadiga dos trabalhadores, que poderia resultar em acidentes graves. Em ofício encaminhado no início de dezembro, a associação faz várias acusações à Transpetro e pede que a Marinha aumente a fiscalização nas embarcações.

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Segundo o diretor da Conttmaf, Carlos Müller, hoje cada navio da empresa está operando com cinco tripulantes a menos, em média. “Antes, um navio era tripulado por 23 pessoas. Agora tem 19 e há casos em que trabalham só com 16 ou 17.” Pelas regras, cada embarcação tem uma quantidade mínima de trabalhadores definida pela Marinha.

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Esses números constam do Cartão de Tripulação de Segurança, conhecido como CTS. Nos anos 1990, houve uma pressão para reduzir o número de tripulantes constante nesse documento. O corte foi autorizado, mas depois de uma série de manifestações contrárias à medida, os armadores voltaram atrás e mantiveram o número de tripulantes. No papel, no entanto, a redução foi mantida.

Nelson Carlini, ex-presidente da CMA CGM, uma das maiores armadoras do mundo, porém, é crítico em relação à denuncia da Conttmaf. Para ele, o Brasil sempre trabalhou com um número de tripulantes muito acima da média mundial. “Há navios que atracam no País com 9 tripulantes. Não há mais necessidade para um monte de gente, como no passado. Todo mundo tem de fazer tudo agora. E, numa situação como a da Petrobras, é preciso aplicar o bom senso.”

Outras acusações feitas à Transpetro referem-se ao desvio de função de tripulantes que passaram a ser designados para fazer atividades daqueles que foram cortados; alteração de registros de horas trabalhadas para menos; e ocorrência de fadiga na tripulação.

Procurada, a Transpetro não quis se pronunciar. Já o DPC afirmou que se reuniu recentemente com a confederação e com a empresa para buscar alternativas para a manutenção dos empregos e para uma operação menos onerosa nesses tempos de crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.