Deve parar na Justiça a campanha salarial da Companhia Paranaense de Energia (Copel) que, aparentemente, caminhava para um acordo entre as partes. Os representantes sindicais e o chamado Coletivo Sindical Majoritário dos Empregados da Copel acusam a diretora de gestão corporativa, Yara Eisenbach, de assédio moral contra os funcionários durante as negociações para o dissídio. Eles devem formalizar nos próximos dias uma denúncia contra a diretora no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Uma das “provas” apontadas pelos sindicalistas é um vídeo que teria sido distribuído no dia 28 de outubro para os colaboradores, no qual a diretora afirma que a proposta apresentada pela empresa seria definitiva e que, diferentemente de outros anos, não haveria o que ela qualificou como “barganhas” entre os sindicatos e diretorias anteriores. Segundo o Coletivo Sindical, isso interferiu no resultado de algumas assembleias onde, nas reuniões anteriores, era quase unânime a decisão de rejeitar a proposta da empresa.
Foi o caso do Sindicato dos Eletricitários de Curitiba (Sindenel), que acatou os termos definidos pela Copel nesta quarta-feira (9). No comunicado, o Sindenel lamentou a falta de avanços nas negociações e a aceitação da proposta “respaldada pela decisão majoritária dos seus representados”.
Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR), Sandro Silva, que acompanha as negociações de diversas categorias, os trabalhadores da Copel vêm sendo prejudicados sistematicamente nos acordos. “O ganho real é bem inferior se comparado ao lucro da empresas e outras categorias”, aponta.
Outro aspecto criticado pelo economista é a empresa usar o Plano de Cargos implantado pelo governo estadual neste ano como argumento para não aprovar aumento real para os colaboradores. “Reajuste salarial e plano de carreira são coisas distintas e essa é apenas uma das distorções que a Copel vem realizando na negociação”, esclarece.
A Copel foi procurada pela reportagem e, segundo assessoria de comunicação em Curitiba, a diretora de gestão corporativa estava em viagem e somente nesta quinta-feira (10) poderá explicar a situação.