O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), que representa 44 abatedouros, incubatórios e frigoríficos do Estado, divulgou nesta terça-feira, 24, comunicado no qual sugere urgente diálogo do governo com a categoria dos caminhoneiros, que realiza bloqueios em estradas estaduais e federais, para evitar “maiores prejuízos para as indústrias produtivas”.

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O Sindiavipar explica que, no caso da avicultura paranaense, existem atualmente milhares de aves que precisam ser alimentadas. “A partir do momento em que a soja e o milho não chegarem mais nas fábricas de rações, o risco é de que fique comprometida toda a produção avícola do maior Estado produtor e exportador de carne de frango do Brasil”. Atualmente, o Paraná é o maior produtor e exportador nacional de carne de frango, respondendo por cerca de 25% das exportações do produto do País, o qual é embarcado para cerca de 150 países.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (Cetcesp) informou que já identificou operações de frete prejudicadas pelo protesto de caminhoneiros. “Isso tem prejudicado o trabalho das transportadoras e prejudica o abastecimento de supermercados, indústrias e comércio”, diz Manoel Sousa Lima Junior, presidente do Cetcesp.

O sindicato trabalha para reunir dados do prejuízo, mas já identifica cargas deixando de chegar em São Paulo. “Já há notícias de desabastecimento também no Paraná e em Santa Catarina”, aponta Lima Junior, acrescentando que os transportadores levando produtos perecíveis “sofrem na frente”.

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O Cetcesp disse não apoiar o protesto e ressalta que ainda não identificou a liderança do movimento. “Nós não entendemos que essa seja uma maneira de se reivindicar alguma coisa”, diz o presidente do sindicato, argumentando, porém, que o preço do diesel tem “atrapalhado muito” o setor. “O Brasil andou na contramão”, pontua.

Autônomos

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A Federação dos Transportadores Rodoviários Autônomos do Estado de São Paulo (FECAMSP) informou hoje, em nota, que, como “representante legítima dos caminhoneiros autônomos no Estado de São Paulo, está aberta às negociações com os governos federal e estadual para a busca de uma melhor solução deste impasse”, em referência aos protestos que ocorrem em diversas rodovias do País desde ontem.

De acordo com nota divulgada pelo presidente da entidade, Claudinei Natal Pelegrini, os caminhoneiros autônomos são os mais prejudicados pelo protesto que “parece não possuir um comando central que possa responder por todas as ações”, pois fica à mercê de multas, além de ter prejuízo pelos dias não trabalhados. “Nossa posição é que, caso o caminhoneiro deseje aderir à paralisação, simplesmente não saia de casa, desfrute da família e volte a trabalhar quando a situação normalizar.”

A entidade alerta ainda para que os trabalhadores não “se deixem usar mais uma vez como ‘bucha de canhão’ nas mãos de pessoas que têm outros interesses e que, por terem personalidade jurídica, não se dispõem ao confronto”. Segundo Pelegrini, as reivindicações como diminuição do valor do óleo diesel na bomba e a redução da alíquota do ICMS no valor do óleo diesel são compreensíveis, mas só irão ter sucesso “caso o governo entenda que não provocarão reflexos negativos em outros setores da economia e, principalmente, não penalizarão o consumidor, o que inclui o caminhoneiro e sua família”.

Apesar do alerta e da disposição em negociar pelo lado dos autônomos, a FECAMSP afirma que o aumento do óleo diesel serviu apenas como “gatilho” para os protestos. Segundo a entidade, os valores de frete praticados pelos embarcadores estão totalmente desconectados com a realidade e a redução acentuada do valor do frete (em torno de 37%) observada em todo o País tornou a situação do segmento “insustentável”. “Em contrapartida, temos observado uma espécie de cartelização do frete praticado pelos embarcadores que, informalmente, têm estabelecido ‘valores de referência’ para determinados e variados destinos”, diz o presidente da entidade.

De acordo com Pelegrini, a categoria defende que seja estabelecida uma Planilha Nacional de Custos, “que contemple os valores dos insumos, bem como a variação da bolsa das commodities transportadas para estabelecer o custo mínimo da tonelada/km rodado, de forma realista e facilmente comprovada”.

A entidade explica ainda que a paralisação também está sendo promovida por conta do alto custo dos pedágios. Segundo a FECAMSP, desde 2001, pela Llei 10.209, foi estabelecido o Vale-Pedágio Obrigatório, o qual determina que o valor do pedágio tem que ser pago, integralmente, pelo embarcador, e não pelo caminhoneiro. “Muitas transportadoras têm alegado ‘embutir’ o valor do pedágio no frete, o que é absolutamente ilegal, pois o mesmo deve estar destacado no próprio conhecimento de carga, não fazendo parte do valor”, explica a nota.

A entidade pede ainda que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) faça uma fiscalização mais rigorosa no caso do Vale-Pedágio Obrigatório e sugere “parcerias com os Estados e seus próprios órgãos rodoviários fiscalizadores, tais como balanças, polícia rodoviária, órgãos tributários, etc.”.