Depois de crescer no ritmo mais forte em 15 anos no 1.º trimestre, a economia brasileira dá vários sinais de desaceleração, que já levam o mercado financeiro a projetar uma alta menor da taxa básica de juros (Selic). Ontem, por exemplo, o Banco Central (BC) informou que o Índice de Atividade Econômica, calculado pela própria instituição, ficou estável em maio em relação a abril.
No fim de junho, o BC divulgou seu Relatório de Inflação trimestral. Na avaliação de especialistas, o documento traçou cenário preocupante para a evolução dos preços, por causa, principalmente, da atividade econômica aquecida. Ganhou espaço, então, a ideia de que a Selic subiria em todas as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) até o fim do ano – julho, setembro, outubro e dezembro.
No entanto, tal percepção começa a mudar por causa de vários indicadores divulgados nos últimos dias. A sensação é de que a demanda continua forte, mas em ritmo mais lento que o do primeiro trimestre, e a produção desaquece até mais rapidamente do que se esperava. Em abril, a produção industrial caiu 0,7% em relação a março. Em maio, houve estabilidade, o que surpreendeu os especialistas.
As projeções de mercado indicam que junho também foi fraco (o número oficial ainda não saiu). A economista Thays Zara, da Rosenberg & Associados, estima uma queda de 0,2% em relação a maio. Se isso se confirmar, diz ela, será o primeiro trimestre de baixa desde o estouro da crise global, em setembro de 2008.