Os sinais que podem indicar uma eventual recuperação da economia brasileira ainda são muito frágeis. É o que afirma o Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar. Segundo o pesquisador, os indicadores que poderiam indicar uma melhora são baseados em expectativas que podem mudar a qualquer momento. O pesquisador ainda afirmou que a recuperação depende da aprovação de reformas pontuais na esfera política – que podem demorar a acontecer.
“Acho que uma agenda mínima vai ser aprovada, mas não vai ser uma navegação simples, vai ser aprovada quando tudo parecer estar indo para o brejo. Há sinais de que nem todo mundo da base (aliada ao governo) pensa igual. E acho que no núcleo político e econômico do governo também”, afirmou.
Assim como Castelar, Bráulio Borges, pesquisador associado da Economia Aplicada do Ibre/FGV, também associou a recuperação econômica a ações na política. Para ele, existe uma necessidade de aprovação de uma agenda mínima que inclua reformas fiscais e trabalhistas.
“Não tenho uma visão cética de que nada vai sair. Acho que uma agenda mínima de reformas fiscal e trabalhistas vai acontecer. Longe do ideal, mas acho que será melhor do que o que temos hoje. E acredito que isso vá andar nos próximos meses, mas certamente vai encontrar bastante obstáculos no Congresso”, opinou.
Segundo Borges, o fim da recessão não depende tanto da recuperação de indicadores associados ao desemprego e à ociosidade da capacidade produtiva, mas sim da confiança dos agentes no futuro.
“É preciso que os agentes fiquem menos desconfiados, depois consumam mais, depois invistam mais. Então, um choque favorável encontrará condições para se autopropagar. Se isso acontecer, não é difícil imaginar um PIB crescendo a 2% ou 3% no ano que vem”, afirmou.