Os preços das matérias-primas comercializadas em larga escala no mercado mundial estão em queda, diante dos sinais de desaceleração da economia mundial, mas os especialistas preferem aguardar antes de arriscar novas projeções em relação ao tamanho do impacto no saldo comercial do Brasil. A única certeza é a de que não haverá recuperação tão cedo e de que a inflação vai cair por conta dos preços mais baixos.
“As variações até agora parecem movimentos espasmódicos que variam ao sabor da especulação”, afirma o consultor Fábio Silveira, da RC Consultores. De acordo com o especialista, os preços começaram a “derreter” após a agência Standard & Poor’s rebaixar a nota de risco da dívida americana na última sexta-feira.
“A queda foi pequena diante da dimensão da crise na Europa e nos Estados Unidos e das enormes dúvidas sobre o que pode acontecer com a demanda do mercado chinês”, afirma Silveira.
Ele destaca que o dilema atual é mais grave do que em 2008, quando os bancos centrais das principais economias trabalharam de forma coordenada, o que não ocorre agora.
“O mercado está diante de um grande ponto de interrogação sobre a recuperação nos próximos meses ou anos”, diz o especialista da RC Consultores.
O consultor Homero Guizzo, da LCA consultores, também prefere esperar sinais mais claros das principais economias mundiais diante das iniciativas de política monetária que devem ser tomadas em relação à crise.
“Só dá para saber que os preços vão cair e derrubar a inflação, mas ainda é impossível saber se a demanda menor da China vai prevalecer ao longo dos próximos meses”, afirma Guizzo.
Perspectiva de alta
No caso das commodities agrícolas, a consultoria Tendências acredita que o cenário ainda é de alta no preços por conta da demanda da Ásia, especialmente da China, que ainda deve se manter elevada.
A expectativa é que nos próximos dias, os preços permaneçam muito voláteis, com alguns especuladores aproveitando para embolsar ganhos ou liquidando posição para cobrir perdas em outros mercados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.